ASSOCIAÇÃO ENTRE OS DISTÚRBIOS DO SONO, FADIGA E FATORES PSICOEMOCIONAIS EM SOBREVIVENTES DA COVID-19.

Luiza Scheffer Dias, Luana dos Passos Vieira, Helena Amelia Rachor, Cecília Vieira Prestes, Renata Trimer, Andréa Lucia Gonçalves da Silva

Resumo


Introdução: Até 02 de agosto de 2021, no Brasil ocorreram 19.917.855 casos de COVID-19 com 556.370 óbitos, notificados à OMS. No município de Santa Cruz do Sul foram confirmados 20.010 casos, havendo 269 óbitos. Cerca de 80% das pessoas afetadas se recuperam da doença sem precisar de tratamento hospitalar e 1 em cada 6 pessoas infectadas fica gravemente doente e desenvolve sequelas que precisam ser tratadas, dentre as quais destacam-se a fadiga, dores articulares, distúrbios do sono e alterações psicológicas (ansiedade e depressão). Em 2020 o Laboratório de Reabilitação Cardiorrespiratória (LARECARE) adaptou-se a pandemia por COVID-19 e começou a tratar os sobreviventes da doença, através de uma avaliação multidimensional que envolve além de dados sociodemográficos, testes e questionários para identificar às possíveis sequelas. Objetivo: Identificar e relacionar os distúrbios do sono, fadiga e fatores psicoemocionais em sobreviventes da COVID-19. Métodos: Estudo transversal em andamento (ano de 2021), amostragem de conveniência, incluiu pacientes de ambos os sexos que buscaram LARECARE para tratamento da COVID longa. Foram excluídos da pesquisa sujeitos com déficit no cognitivo, alterações neurológicas e desordens psiquiátricas prévias a COVID-19. Variáveis analisadas: clínicas e antropométricas (idade, sexo, índice de massa corporal-IMC); distúrbios respiratórios do sono [qualidade do sono-QS (questionário de Pittsburgh), probabilidade de Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono-SAOS (questionário de Berlim- QB)]; fadiga (Escala de Identificação e Consequências da Fadiga-EICF) e fatores psicoemocionais [Escala de Impacto pós-evento (IES-R), ansiedade e depressão pelo Inventário de Ansiedade de Beck (BAI) e Inventário de Depressão de Beck (BDI)]. Análises estatísticas foram realizadas em programa específico conforme a distribuição de normalidade das variáveis e considerou-se significativo p=0,05. Resultados: Foram avaliados 34 pacientes, 20 homens, idade 55,8±11,1 anos, IMC 29,1±4,6 kg/m2. Com relação aos distúrbios respiratórios do sono, 24 pacientes apresentaram boa QS e 10 ruim QS e alto risco para SAOS (n=10). O estresse pós-evento foi encontrado em 3 pacientes, em contrapartida os sintomas de ansiedade e depressão esteve presente em 23 e 26 pacientes, respectivamente. O EICF_sumarizado_sensações e EICF_sumarizado_impacto pontuou em média 39,6±19,6 e 41,3±17,7, respectivamente. Associações encontradas: BAI e EICF_sumarizado_sensações (r=0,532 p=0,001); BAI e EICF_sumarizado_impacto (r=0,487 p=0,004); BDI e EICF_sumarizado_sensações (r=0,661 p<0,001); BDI e EICF_sumarizado_impacto (r=0,460 p=0,006); fadiga e estresse pós-evento [EICF_sumarizado_sensações e IES-R_total (r=0,444 p=0,008); EICF_sumarizado_sensações e IES-R_evitação (r=0,359 p=0,037)]; Qualidade subjetiva do sono e estresse pós-evento [Comp_PITT_1 e IES-R_hiperestimulação (r=0,402 p=0,019)]. Conclusão: Pacientes sobreviventes da COVID-19 em sua maioria caracterizam-se com boa QS, poucos com estresse pós-evento, porém com sintomas de ansiedade, depressão e fadiga presentes. Os sintomas de ansiedade e depressão estão associados à sensação e impacto de fadiga de forma moderada e positiva neste grupo de pacientes.

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ISSN 2764-2135