APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA EM PACIENTES SOBREVIVENTES DE COVID-19

Luana dos Passos Vieira, Luiza Scheffer Dias, Helena Amelia Rachor, Eduardo Jungblut Kniphoff, Elisabete Antunes Sanmartin, Andréa Lúcia Gonçalves da Silva

Resumo


Introdução: A COVID-19 é uma doença infecciosa causada pelo vírus SARS-COV-2 que se caracteriza por sintomas respiratórios variando entre leve a muito grave. Esta pode evoluir com alterações multissistêmicas decorrentes da fraqueza generalizada, perda de peso e complicações musculoesqueléticas, refletindo na funcionalidade cardiorrespiratória, desempenho físico, modulação autonômica e atividades de vida diária. Objetivo: Avaliar a aptidão cardiorrespiratória em pacientes sobreviventes de COVID-19. Métodos: Estudo transversal em andamento, amostragem de conveniência, incluiu pacientes de ambos os sexos que buscaram o Laboratório de Reabilitação Cardiorrespiratória para tratamento das sequelas da COVID-19. Foram excluídos os pacientes com déficit no cognitivo, arritmia cardíaca e/ou uso de medicamentos betabloqueadores. Variáveis analisadas: clínicas (idade, sexo, perda de peso, índice de massa corporal-IMC, tempo de internação-TI, % de acometimento pulmonar pela tomografia); consumo estimado de oxigênio-VO2est. e aptidão cardiorrespiratória (questionário Duke Activity Status Index); qualidade muscular (Dinapenia= força de preensão palmar-FPP:<30Kgf para homens e <20Kgf para mulheres); capacidade funcional (Teste do Degrau de Seis minutos-TD6m); retomada vagal [delta de variação entre a Frequência Cardíaca-FC de pico e 1º minuto de recuperação do TD6m (FCR1= FCpico - FCrec)]. Variabilidade da Frequência Cardíaca-VFC [cardiofrequencímetro Polar® S810i para obtenção dos sinais FC nas posições supino e ortostase durante 10 minutos, posteriormente analisados no software Kubios® (versão 2.2) no domínio da frequência com as bandas de Alta Frequência (AF) e Baixa Frequência (BF), a razão BF/AF e Total Power-TP)]. As análises estatísticas foram realizadas em programa específico conforme a distribuição de normalidade das variáveis e considerando significativo p=0,05. Resultados: Avaliados 25 pacientes, 15 homens, idade média 53,1±10,5 anos, classificados em sobrepeso e obesidade (IMC=28,5±4,9kg/m2), 9 pacientes com mais de 50% de acometimento pulmonar, média de tempo de internação de 7,2 dias, perda de peso durante a infecção de 5,6 Kg, aptidão cardiorrespiratória muito fraca (VO2est.=17,1±5,1Kg-1), presença de dinapenia em 15 pacientes. O número de degraus subidos durante o TD6m foi em média 95,7±37,2 e a FCR1=17,9±11,6 bpm, ou seja, a retomada vagal aconteceu em 16 pacientes (=12 bpm). VFC_supino: AF=27,5±18,5 un, BF=71,8±18,5 un, BF/AF=4,5±4,3 un e TP=188,7±191,1 un; VFC_ortostase: AF=22,4±22,9 un,  BF=81,2±15,9 un, BF/AF=8,6±10,0 un e TP=231,2±318,5 un. Associações encontradas: TI e perda de peso (r=0,442 p=0,027); [VO2est. e número de degraus (r=0,788 p<0,001); VO2est. e FCR1 (r=0,413 p=0,040); VO2est. e razão BF/AF_ortostase (r=0,642 p<0,001)]; TP e FCR1 (r=0,527 p=0,007). Conclusão: Pacientes sobreviventes de COVID-19 apresentaram desbalanço simpatovagal com predomínio da modulação simpática em repouso e ortostase, baixa aptidão cardiorrespiratória que se associa positivamente ao baixo número de degraus subidos no TD6m e a baixa retomada vagal pós teste predizendo maior mortalidade. Nestes pacientes observou que quanto maior o TI hospitalar maior foi a perda de peso.


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ISSN 2764-2135