COMPARAÇÃO ENTRE TUTORES E NÃO TUTORES QUANTO A SINTOMAS PSICOLÓGICOS DURANTE A PANDEMIA DO COVID-19

Jéssica Santos Machado, Nathália Saraiva de Albuquerque, Dalton Breno Costa, Gabriel dos Reis Rodrigues, Vitória Rodrigues Bottega, Tatiana Quarti Irigaray

Resumo


Introdução: A posse de animais de estimação é amplamente considerada uma fonte de benefícios para o ser humano, e a convivência com um animal pode ser um fator protetivo em relação aos problemas ocasionados pelo distanciamento social devido ao COVID-19. Objetivo: Comparar sintomas de ansiedade, depressão e estresse entre pessoas que possuem cães e/ou gatos e pessoas que não possuem nenhum animal de estimação durante a pandemia do COVID-19. Método: Trata-se de um estudo transversal realizado com tutores apenas de cães (TC), apenas de gatos (TG), de cães e gatos (TCG) e pessoas sem nenhum animal de estimação (SA). A coleta de dados foi realizada entre o início de setembro e o final de novembro de 2020. Os participantes foram convidados, por meio de divulgação em redes sociais, para responder um questionário online, através da plataforma Qualtrics. Os instrumentos utilizados foram: ficha de dados sociodemográficos e a Depression, Anxiety and Stress Scale (DASS-21). A análise de dados foi realizada através de um programa estatístico de Linguagem R. Para entender a comparação das características dos grupos foi utilizado o teste Kruskal-Wallis, o teste post hoc de Dunn e o teste de d de Cohen na sua versão robusta para avaliar o tamanho de efeito (TE) das diferenças encontradas. Resultados: Participaram deste estudo 2.463 indivíduos brasileiros, sendo 51,20% da região sul do Brasil. Entre os participantes 960 (39,00%) eram TC, 446 (18,10%) eram TG, 449 (18,20%) eram TCG e 608 (24,70%) eram SA. A idade média considerando todos os participantes foi de 33,19 (DP = 12,65) anos, com amplitude de 18 a 76 anos. Por meio do teste Kruskal-Wallis foram encontradas diferenças significativas entre os grupos quanto a depressão (H(3) = 23,30; p < 0,001) e ansiedade (H(3) = 16,20; p = 0,001). Porém, ao analisar o TE entre as diferenças encontradas, observou-se que a variável depressão apresentou um TE pequeno (d= -0,21) ao comparar os grupos TC e TCG, e na comparação dos grupos TC e SA também obteve-se um TE pequeno (d= -0,27). Nas demais variáveis e grupos o TE encontrado foi menor que pequeno. Conclusão: Quando comparados os grupos TC, TCG, TG e SA, apesar de encontradas diferenças significativas quanto a sintomatologia de ansiedade e depressão, essas diferenças apresentaram um TE pequeno, portanto, não são consideradas relevantes. Esse achado sugere que a posse de um cão ou gato não influenciou nos níveis dos sintomas psicológicos dos participantes durante o período da pandemia. Sendo assim, conclui-se que apesar de todos os benefícios comprovados em ter animais de estimação, não foram suficientes para atenuar o sofrimento psicológico das pessoas diante o distanciamento social provocado pela COVID-19.

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ISSN 2764-2135