IMPACTOS DE ATROPELAMENTOS EM RODOVIAS SOBRE A FAUNA SILVESTRE E DOMÉSTICA NO CENTRO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Maria Alice Sanini Casanova, Ana Luiza Silveira Lopes, Rebeca Luiza Overbeck, Andreas Köhler

Resumo


Os atropelamentos de espécies silvestres e domésticas têm recebido especial atenção por se tratar da causa primária de mortes em estradas, tendo como agravante a falta de informação da população sobre quais medidas devem ser tomadas ao encontrar um animal vítima de acidente. Sabendo da alta taxa de animais vítimas de atropelamentos, qual seria a ação correta a ser adotada se encontrasse um animal nessa situação? É importante estar ciente sobre o que fazer quando deparar-se com animais feridos, pois pode garantir uma maior chance de sobrevivência dessas vítimas. Diante disto, neste trabalho levantaram-se dados sobre os impactos gerados na fauna (silvestre e doméstica) provenientes de acidentes em rodovias, a fim de informar e orientar os cidadãos sobre as condutas ideais a serem realizadas em caso de encontrar animais vítimas de acidentes automobilísticos em rodovias. Para isso, foram aplicados três questionários encaminhados por meio de whatsapp, instagram e facebook, contendo perguntas objetivas e dissertativas acerca dos impactos sobre a fauna silvestre e doméstica decorrentes de acidentes em rodovias, tendo como público alvo a população em geral e médicos veterinários da região central do estado do Rio Grande do Sul. Os questionários foram avaliados de forma individual, utilizando-se o aplicativo Google Forms, sendo posteriormente analisados os dados por questão, público alvo e região. Dos entrevistados, 22,4% já atropelaram animais, principalmente as que frequentam regulamente rodovias da região (34%). Dos animais encontrados atropelados pela população, 65 % eram domésticos e 35 % silvestres, mas somente 46% destes foram encaminhados para veterinários. No verão o número de atropelamento é maior, com 66,7%. Entre os animais resgatados 19,6% eram Canis lúpus familiaris, seguido por gambás (Didelphis sp.) e Felis catus domesticus, com 15,7%, ambas. Dos animais silvestres atropelados 38,9% foram mantidos e reabilitados pela comunidade local, 33,3% para zoológicos, 16,7% para as prefeituras e 11,1% para necropsia após morte. O local que frequentemente recebe animais atropelados na região central do estado é o Jardim Botânico e Zoológico Municipal de Cachoeira do Sul, que recebeu nos últimos anos animais atropelados como Cerdocyonthous, Lycalopexgymnocercus, Leopardusguttulus, Leoparduswiedii, Leopardusgeoffroyi, Mazamagouazoubira, Nasuanasua,Alouatta guariba clamitansSapajusnigritus e Didelphisalbiventris. Questionado se as pessoas sabem a maneira correta de agir ao se deparar com um animal lesionado, 52,9% da população respondeu que não se sente seguro para auxiliar. Observou-se também a urgência do melhoramento das medidas mitigatórias, pois a frequência dos acidentes é consideravelmente alta, das 273 respostas obtidas, 160 (58,6%) das pessoas sempre/frequentemente encontram animais atropelados. Associado a isto, uma grande maioria das pessoas assinalaram encontrar os animais já sem vida, no entanto, este dado pode não ser usado de forma totalmente correta, pois faz uso da percepção dos motoristas e, neste sentido, muitas pessoas não param para verificar os sinais vitais do animal. Contudo, apesar dessa margem de erro, o número de animais encontrados mortos é alto, o que reforça a necessidade de medidas não só após os acidentes, mas de ações que evitem ao máximo o número de casos.

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ISSN 2764-2135