IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO MULTIDIMENSIONAL NO ACOMPANHAMENTO DE SEQUELAS EM PACIENTES PÓS-COVID-19

Geovana Coan, Eduardo Jungblut Kniphoff, Cecília Vieira Prestes, Carlos Eduardo Côrrea Nunes, Elisabete Antunes San Martin, Andréa Lúcia Gonçalves da Silva

Resumo


Introdução: A COVID-19 é uma doença infecciosa causada pelo vírus SARS-CoV-2 capaz de provocar infecções que afetam múltiplos órgãos e sistemas. Alterações no sistema cardiovascular têm sido evidenciadas e estas podem ocasionar o desenvolvimento de arritmias, doenças coronarianas e distúrbios de coagulação que por sua vez aumentam o risco de trombose arterial e/ou venosa. Em 2020 o Laboratório de Reabilitação Cardiorrespiratória (LARECARE) adaptou-se a pandemia por COVID-19 e começou a tratar os sobreviventes da doença, através de uma avaliação multidimensional que envolve além de dados sociodemográficos, testes e questionários para identificar as possíveis sequelas. Neste contexto, o Índice tornozelo braquial (ITB) está sendo utilizado para diagnóstico de doença arterial obstrutiva periférica (DAOP) em pacientes pós-COVID-19 por ser uma ferramenta simples, útil e de fácil manuseio que dispomos para nos auxiliar. Objetivo: Relatar o uso do ITB na avaliação e prática fisioterapêutica do LARECARE e sua importância na avaliação multidimensional. Métodos: Relato de experiência realizado no LARECARE no período de fevereiro a julho de 2021. O LARECARE contempla desde 2004 o serviço de Reabilitação Cardiorrespiratória do Hospital Santa Cruz na assistência aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), bem como engloba vários projetos de pesquisa e o projeto de extensão “Promoção do Envelhecimento Saudável e Reabilitação Cardiorrespiratória”. Todos os pacientes passam por uma avaliação multidimensional para coleta e análise da situação clínica, cardiorrespiratória, capacidade funcional, distúrbios respiratórios do sono, alterações mentais e alterações vasculares. O ITB é utilizado para verificar a integridade da circulação arterial dos membros inferiores com o paciente em decúbito dorsal onde foi realizada a aferição da PAS das artérias braquiais, pediosa e tibial posterior bilateralmente através de doppler vascular portátil (MEDPEJ®-modelo 2001, Brasil) com esfigmomanômetro posicionado 03 centímetros acima da fossa cubital nos membros superiores e 03 centímetros acima do maléolo medial em membros inferiores. Posteriormente os resultados foram confrontados e classificados conforme a American Heart Association (AHA) e American College of Cardiology (ACC) em: teste normal = 1,01-1,40; limítrofe para DAOP = 0,91 a 1,00; DAOP = 0,91. Pacientes com ITB < 0,9 apresentam menor sobrevida em comparação com pessoas com ITB normal. Resultados: Foram avaliados 34 pacientes recuperados da COVID-19, com predominância do sexo masculino (n=20; 58,8%), idade média de 55,8±11,1 anos, classificados em sobrepeso e obesidade (IMC 29,1±4,6 kg/m2), 10 pacientes tiveram mais de 50% de acometimento pulmonar e perda de peso durante a infecção de 5,7 kg. Com relação ao ITB 17 (50,0%) pacientes não apresentaram alteração no teste, 12 (35,3%) apresentaram risco limítrofe e 5 (14,7%) pacientes foram diagnosticados com DAOP e necessitaram de tratamento e acompanhamento médico por DAOP (n=1), evento tromboembólico venoso (n=2) e pulmonar (n=1). Conclusão: No LARECARE o uso do ITB caracterizou-se como uma ferramenta de suma importância na avaliação multidimensional para a identificação das sequelas vasculares oriundas da COVID-19 e detecção precoce de comorbidades.

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ISSN 2764-2135