Mostra de Extensão, Ciência e Tecnologia da Unisc

A pandemia do novo coronavírus é uma das maiores emergências de saúde pública dos últimos tempos e tem gerado impactos significativos que causam preocupação não apenas no sentido da saúde física, mas também no que tange à saúde mental da população mundial. Tal situação acarretou diversas transformações na rotina diária dos indivíduos, ocasionada principalmente pela necessidade do isolamento social. Diante disso, os meios virtuais emergiram com grande força como principais meios que viabilizassem as atividades cotidianas, evitando o desemprego em muitos setores. Isso posto, a interferência do ciberespaço não delimitou-se somente aos setores econômicos, expandindo-se cada vez mais, afetando fortemente a constituição das subjetividades e comportamentos dos indivíduos, principalmente dos adolescentes. Os jovens passaram a utilizar muito mais o ciberespaço, o que acarretou em diversas consequências, como por exemplo, vício nas tecnologias, afastamento social, ciberbullying, dentre outros. Assim, estimular os adolescentes a pensar e falar sobre sua vida online e offline é imprescindível para ampliar o entendimento da juventude contemporânea, bem como pensar nos novos sentidos da adolescência dentro dessa perspectiva online. À vista disso, a proposta de criar um grupo terapêutico com meninas adolescentes, surgiu inicialmente com intuito de realizar no Serviço Integrado de Saúde (SIS) um grupo com uma temática inovadora e pertinente, buscando auxiliar nas questões silenciadas de violência contra a mulher, especialmente no mundo virtual. Esse grupo, assim como sua temática, justifica-se pela urgência em serem abertos locais de apoio às meninas adolescentes, principalmente nesse momento pandêmico, com intuito de serem espaços informativos sobre as diversas formas de violência, como também de trocas de experiência entre as adolescentes. Cabe salientar, inclusive, que o nome do grupo será “Entre Gurias: grupo online para meninas”, justamente buscando construir um vínculo entre as participantes, para que juntas elas sejam as protagonistas e construam os encontros a partir de seus medos, dúvidas e vivências. A proposta do grupo possui como público-alvo meninas jovens de 16 a 21 anos, tendo como objetivo principal a abertura de um espaço de escuta e reflexões sobre questões de violência na internet, englobando assuntos que estão em alta como por exemplo, cultura do cancelamento nas redes, ciberbullying, padrões de beleza impostos nas redes sociais, dentre outros assuntos pertinentes que poderão emergir no decorrer dos encontros. Em relação a metodologia dos encontros, definiu-se que como o mesmo possui viés terapêutico, não iriam ser pré-estabelecidos assuntos, somente para os dois primeiros encontros as coordenadoras organizaram uma apresentação da proposta, ideias iniciais e apresentação da cartilha utilizada como inspiração e referência. Para os demais encontros, a ideia é de que as participantes sejam as protagonistas dos mesmos, podendo utilizar do espaço para desabafos, convivência e compartilhamento de experiências/pensamentos. Conforme o andar do grupo, todos os feedbacks das meninas participantes são positivos, corroborando para as ideias de criação desse grupo terapêutico, tendo em vista que todas as presentes afirmam que em algum momento sofreram algum tipo de violência dentro das redes e cotidianamente sentem-se pressionadas pelos padrões de beleza femininos impostos pelos meios de comunicação.