CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE FUNCIONALIDADE, INCAPACIDADE E SAÚDE (CIF): REPERCUSSÕES NO PROCESSO DE TRABALHO DE PROFISSIONAIS ATUANTES EM UM SERVIÇO DE REABILITAÇÃO FÍSICA

Betina Breyer Figueiró, Morgana Pappen, Caroline Bertelli, Gabriele Zawacki Milagres, Camila Dubow, Analidia Rodolpho Petry, Renita Baldo Moraes, Leni Dias Weigelt, Suzane Beatriz Frantz Krug

Resumo


A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) é uma ferramenta que faz o levantamento completo dos dados do paciente, considerando seus determinantes de saúde, como questões biológicas, psicossociais e demográficas. É imprescindível na avaliação do indivíduo, pois o mapeamento integral auxilia além da detecção do problema, ou seja, deixa de focar apenas na doença, na deficiência e passa a ponderar as particularidades e singularidades de cada sujeito. Esse trabalho objetiva investigar repercussões acerca do uso da CIF na rotina de profissionais atuantes em um serviço de reabilitação física. Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem qualitativa, realizado com todos os participantes atuantes em um serviço de reabilitação física (SRFis) localizado na Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). Os dados coletados em junho de 2021 por meio de dois grupos focais, constituem-se em um recorte de uma das etapas do projeto intitulado “Implementação da Classificação Internacional de Incapacidade e Funcionalidade: estudo em um Serviço Especializado em Reabilitação Física de Referência Regional do Sistema Único de Saúde no Rio Grande do Sul”. O projeto contemplado no edital do Programa Pesquisa para o SUS: gestão compartilhada em saúde – PPSUS, desenvolvido pelo Grupo de Ensino e Pesquisa em Saúde da UNISC foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da universidade, sob nº 4.446.238.  Para o presente estudo foram utilizadas algumas questões norteadoras abordadas nos dois grupos focais acerca das repercussões da CIF no processo de trabalho. Os dados foram analisados por meio da Análise de Conteúdo. O estudo contou com 11 participantes que trabalham no SRFis, sendo 10 mulheres e um homem, com faixa etária entre 20 a 40 anos, estagiários e profissionais da área da saúde, dentre eles fisioterapeutas, enfermeiros, psicólogos e uma terapeuta ocupacional, atuantes na área assistencial e administrativa. Os participantes foram instigados a respeito das possíveis mudanças na sua rotina de trabalho após a inserção da CIF e o grupo relatou que a mesma favoreceria a percepção do paciente de forma integral e não somente sua queixa principal, o que facilitaria e aprimoraria o trabalho e a assistência prestada a ele. As falas demonstraram que inicialmente a adaptação ao sistema de registro da CIF poderia ser lento e dificultoso, no entanto, à medida que o sistema for implementado e manuseado pelos profissionais, o atendimento teria maior fluidez. Outra questão se relaciona ao uso da CIF nos processos individuais e coletivos de trabalho, percebendo-se nos relatos que as atividades em conjunto seriam mais produtivas. Por fim, os profissionais temem que o questionamento de informações da CIF junto aos pacientes não seja bem recebido pelos mesmos. O estudo mostrou que quando adequada ao serviço a CIF pode trazer benefícios aos pacientes e aos profissionais, pois, além de especificar a condição de saúde e as necessidades de cada indivíduo, também considera o contexto social. Contudo, existe o risco do paciente não entender sua implementação, sendo essencial que os profissionais sejam claros ao explicar a importância da ferramenta, passando confiança aos envolvidos. Nesse estudo, alguns participantes ainda não conheciam a CIF e a troca de conhecimentos entre os participantes no grupo focal possibilitou maior esclarecimento, entretanto, mostra-se necessário a realização de capacitações, a fim de fortalecer as discussões sobre o assunto.



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ISSN 2764-2135