ASSOCIAÇÃO ENTRE NÍVEIS ELEVADOS DE ALANINA AMINOTRANSFERASE E ALTERAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL EM ADOLESCENTES: O PAPEL DA OBESIDADE ABDOMINAL
Resumo
ASSOCIAÇÃO ENTRE NÍVEIS ELEVADOS DE ALANINA AMINOTRANSFERASE E ALTERAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL EM ADOLESCENTES: o papel da obesidade abdominal
Introdução: A enzima alanina aminotransferase (ALT) é um importante biomarcador da função hepática e está associada com alterações cardiometabólicas. No entanto, ainda são escassos os estudos com adolescentes brasileiros. Objetivo: O presente estudo objetivou avaliar a associação entre níveis elevados da enzima hepática ALT com a presença de alteração na pressão arterial em adolescentes, de acordo com a presença ou não de obesidade abdominal. Método: O presente estudo transversal contou com uma amostra de 978 adolescentes, com idades entre 10 e 17 anos (560 do sexo feminino), que estudam em escolas da rede pública (estadual e municipal) e privada de Santa Cruz do Sul, RS. O estudo faz parte de uma pesquisa mais ampla, desenvolvida entre os anos de 2014 e 2015, denominada “Saúde dos Escolares”, a qual foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade de Santa Cruz do Sul sob parecer nº 714.216/14. A enzima hepática ALT foi avaliada por meio de amostra de soro, em equipamento automatizado. Os valores contínuos foram categorizados e foi considerado como risco ALT >35 U/L. Para a pressão arterial alterada foram considerados os casos limítrofes e hipertensão, para pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD), conforme classificação estabelecida para sexo, idade e estatura, conforme protocolo estabelecido pelas Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020 (Barroso et al., 2021). A circunferência da cintura foi utilizada para classificação do adolescente com a presença de obesidade abdominal, considerando percentil 80 para sexo e idade. Para a análise estatística, foram utilizados dados descritivos (frequências absolutas e relativas), bem como a regressão de Poisson para avaliar a associação entre níveis elevados de ALT (variável independente) e a presença de alteração na PAS e PAD (variáveis dependentes), de acordo com a presença ou não de obesidade abdominal. Para ajuste dos modelos foram incluídas variáveis de confusão (sexo e estágio maturacional). Os valores obtidos foram expressos em razão de prevalência (RP) e intervalo de confiança para 95% (IC95%). Resultados: A presença de valores aumentados de ALT foi evidenciada em 3,9% dos adolescentes; 22,6% e 17,4% apresentaram alteração na PAS e PAD, respectivamente. Adolescentes com níveis elevados de ALT apresentam maior prevalência de alteração da PAS (RP: 1,25; IC95%: 1,08-1,44) e na PAD (RP: 1,22; IC95%: 1,03-1,44), mas apenas na presença de obesidade abdominal. Conclusão: a associação entre níveis elevados de ALT e alteração na pressão arterial é dependente da obesidade abdominal em adolescentes, demonstrando que esta é uma variável importante, a qual deve ser avaliada e controlada desde cedo para evitar futuros problemas cardiovasculares.
Barroso WKS, Rodrigues CIS, Bortolotto LA, Mota-Gomes MA, Brandão AA, Feitosa ADM, et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020. Arq Bras Cardiol. 2021; 116(3):516-658.
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ISSN 2764-2135