AVALIAÇÃO MULTIDIMENSIONAL NO SEGUIMENTO DE PACIENTE COM SÍNDROME PÓS COVID-19: UM ESTUDO DE CASO

Cecilia Vieira Prestes, Andréa de Aguiar Peters, Luana dos Passos Vieira, Luiza Scheffer Dias, Helena Amelia Rachor, Andrea Lucia Gonçalves da Silva

Resumo


Introdução: Os sobreviventes da COVID-19 apresentam deficiências físicas que podem ser exacerbadas pela imobilidade prolongada, incluindo fraqueza muscular, comprometimento neurológico e nutricional, ocasionando sintomas como fadiga e dispneia mesmo após o período de infecção da doença. As alterações causadas pela COVID-19 a longo prazo, chamada Síndrome Pós COVID-19, possuem ampla variação de acordo com a gravidade da doença na fase aguda e a presença de comorbidades. Nesta etapa, o tratamento fisioterapêutico com visão multidimensional é primordial na recuperação de pacientes acometidos pela Síndrome Pós COVID-19. Objetivo: Relatar a importância da avaliação multidimensional no tratamento de um paciente com Síndrome pós COVID-19. Métodos: Estudo de caso, com seguimento prospectivo de 8 meses, de um paciente do Laboratório de Reabilitação Cardiorrespiratória (LARECARE), no período de agosto/2020 a março/2021. Foi incluído no estudo um paciente homem, sobrevivente da COVID-19 na sua forma grave, que apresentou 75% de comprometimento pulmonar e necessitando de cuidados intensivos hospitalares por 29 dias. Foi realizada a avaliação multidimensional em 3 momentos (1ª- pré tratamento; 2ª- após 4 meses de tratamento fisioterapêutico; 3º- 4 meses após alta do LARECARE). Variáveis coletadas: clínicas, respiratórias, cardiovasculares, capacidade física e funcional, distúrbios do sono e alterações psicoemocionais. Os dados foram analisados em planilha Excel e descritos em delta de variação 1 (?1= 1ª - 2ª avaliação), 2  (?2= 2ª - 3ª avaliação) e 3  (?3= 1ª - 3ª avaliação).  Resultados: Na 1ª avaliação o paciente apresentou uma baixa aptidão cardiorrespiratória (VO2 estimado muito fraco), sarcopenia e dinapenia, baixo risco de queda, alto risco para SAOS e qualidade de sono ruim, sintomas mínimos de depressão e ansiedade, não manifestou transtorno de estresse pós evento apresentou maior impacto da fadiga do que experiência de fadiga.  Após tratamento no LARECARE, paciente apresentou melhora clínica importante (ganho de força muscular, boa qualidade do sono, sem sinais de ansiedade e depressão, paciente realizando suas atividades de vida diária e retorno laboral) exceto para a aptidão cardiorrespiratória (permaneceu baixa) e o alto risco para SAOS. Em relação à fadiga observou um aumento das consequências mentais (experiência de fadiga) e comportamentais (impactos da fadiga) em relação a sua chegada no LARECARE. Após 4 meses de seguimento, paciente apresentou evolução satisfatória do quadro clínico com recuperação da aptidão cardiorrespiratória (excelente segundo o VO2 estimado), boa força muscular respiratória, integridade de circulação arterial de membros inferiores, ausência de sarcopenia e dinapenia, manteve boa qualidade do sono apesar do alto risco para SAOS e sem sintomas de depressão e ansiedade. Em relação aos sintomas de fadiga, observou diminuição das consequências mentais e aumento das comportamentais da fadiga em relação a sua chegada no LARECARE. Conclusão: Paciente sobrevivente da COVID-19, que participou de um programa de reabilitação fisioterapêutico supervisionado e com avaliação multidimensional, apresentou recuperação nas suas condições cardiorrespiratórias, de capacidade física e funcional, da qualidade do sono e dos aspectos psicoemocionais da Síndrome da Pós COVID-19. O aumento da fadiga deve-se ao fato do mesmo estar mais ativo devido ao retorno de suas atividades laborais.


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ISSN 2764-2135