A COMBINAÇÃO DE BAIXOS NÍVEIS DE APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA E OBESIDADE ABDOMINAL ESTÁ ASSOCIADA COM ELEVAÇÃO NA ENZIMA HEPÁTICA ALANINA AMINOTRANSFERASE EM ADOLESCENTES
Resumo
Introdução: O fígado é o principal órgão responsável pela metabolização dos nutrientes ingeridos pelo organismo humano. Dentre eles, os lipídios, quando ingeridos em excesso, podem ser armazenados nos hepatócitos (principais células do fígado), aumentando, assim, os níveis séricos da enzima hepática alanina aminotransferase (ALT). Evidências têm demonstrado que elevados níveis de ALT estão associados com risco cardiometabólico. Porém, poucos estudos avaliam o papel combinado dos níveis de aptidão cardiorrespiratória (APCR) e de obesidade abdominal com alterações nas enzimas hepáticas em adolescentes. Objetivo: O presente estudo tem por objetivo avaliar se a presença combinada de baixos níveis de APCR e de obesidade abdominal está associada com elevação nos níveis de ALT em adolescentes. Método: Estudo transversal composto por uma amostra de 978 adolescentes de 10-17 anos (560 do sexo feminino), escolares da rede pública e privada do município de Santa Cruz do Sul. O estudo é recorte da pesquisa “Saúde dos Escolares”, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade de Santa Cruz do Sul sob parecer nº 714.216/14. A coleta de dados foi realizada nos anos de 2014 e 2015. A APCR foi avaliada por meio do teste de corrida/caminhada de seis minutos. Para definição de obesidade abdominal, foi utilizada a avaliação da circunferência da cintura, considerando percentil 80 como ponto de corte. A enzima hepática ALT foi avaliada em equipamento automatizado, com amostras de soro. Foram definidos valores elevados de ALT >35 U/L. Dados descritivos foram apresentados em frequências absolutas e relativas. A regressão de Poisson foi utilizada para avaliar a associação entre a combinação de baixos níveis de APCR/obesidade abdominal (variável independente, considerando bons níveis de APCR e ausência de obesidade abdominal como referência) com o desfecho (elevação nos níveis de ALT), com ajuste do modelo para sexo e maturação sexual. Os dados foram expressos em razão de prevalência (RP) e intervalo de confiança para 95% (IC95%). Resultados: A presença combinada de baixos níveis de APCR e obesidade abdominal foi evidenciada em 157 (16,1%) adolescentes; 468 (47,9%) apresentaram baixos níveis de APCR, mas ausência de obesidade abdominal e 27 (2,8%) apresentaram bons níveis de APCR, mas presença de obesidade abdominal. A elevação nos níveis de ALT foi observada em 38 (3,9%) adolescentes, sendo mais prevalente naqueles com a combinação de baixos níveis de APCR e obesidade abdominal (RP: 1,07; IC95%: 1,02-1,12). Não foi observada associação com a presença de baixos níveis de APCR na ausência de obesidade abdominal ou na presença deste fator de risco, mas entre os adolescentes com bons níveis de APCR. Conclusão: A alteração na enzima hepática ALT associou-se com a presença combinada de baixos níveis de APCR e de obesidade abdominal em adolescentes. Estes dados reforçam a importância da adoção de intervenções precoces para promover o aumento dos níveis de APCR e redução de obesidade, para prevenir futuros agravos à saúde metabólica.
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ISSN 2764-2135