IMPACTO DA ESCOLARIDADE NAS CARCTERÍSTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS, ESTILO DE VIDA E MARCADORES METABÓLICOS DE TRABALHADORES RURAIS
Resumo
Introdução: Baixos níveis educacionais têm sido vinculados a diferentes problemas de saúde. Sabe-se que a escolaridade dos trabalhadores rurais é menor quando comparado com de outros setores. Assim, a escolaridade é um fator considerável, uma vez que um baixo nível escolar pode estar associado a maior prevalência de doenças crônicas. Objetivo: Relacionar o nível de escolaridade com as características socioeconômicas, estilo de vida e marcadores metabólicos de trabalhadores rurais. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal de caráter descritivo e analítico, vinculado ao projeto TRIAGEM DE FATORES DE RISCO RELACIONADOS À OBESIDADE, ESTILO DE VIDA, SAÚDE CARDIOMETABÓLICA E DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS: impacto da promoção e educação em saúde em trabalhadores rurais e urbanos – Fase IV (CAAE: 43252721.1.0000.5343). A coleta foi realizada com trabalhadores rurais da microrregião sul do COREDE-VRP em 2018. Os dados socioeconômicos e de estilo de vida foram obtidos por meio de um questionário. Para os marcadores metabólicos, foi realizada coleta sanguínea com jejum de 12h, após as amostras foram analisadas em equipamento automatizado utilizando-se kits comerciais e classificados segundo diretrizes brasileiras. Os trabalhadores foram divididos em quatro grupos, conforme a escolaridade: Analfabetos/Primário incompleto (G1); Primário completo/Ensino fundamental incompleto (G2); Ensino fundamental completo/Ensino médio incompleto (G3) e Ensino médio completo/Técnico/Graduação (G4). Os dados foram analisados através do SPSS (versão 23.0). Utilizou-se o teste de Shapiro-Wilk para verificar a normalidade dos dados. Para a comparação de variáveis numéricas foi utilizado o Teste ANOVA e para a comparação de dados qualitativos o teste Qui-Quadrado de Pearson, considerando significância <0,05. Resultados: A amostra foi composta por 106 trabalhadores rurais, dos quais 26% pertenciam ao G1, 34% ao G2, 20% ao G3 e 20% ao G4. Em relação as características sociodemográficas quanto a escolaridade, não foi observada diferença estatística para o sexo (p=0,982). No entanto, para a idade foi possível notar uma diminuição na média da idade conforme o nível de escolaridade, sendo a média de idade do G1 de 54,6 anos e 35,5 anos no G4 (p=0,001). A classe socioeconômica também apresentou diferença significativa (p=0,038), sendo que 40% dos trabalhadores das classes A-B pertenciam ao G4. Quanto ao estilo de vida, há relação da prática de atividade física com a escolaridade (p=0,019), embora a maior parte dos trabalhadores não praticar atividade independentemente do nível de escolaridade, observou-se que dos praticantes, a maioria era do G4 (42%). Não foi observada diferença para as variáveis de ingestão de medicamentos (p=0,191), tabagismo (p=0,559) e consumo de álcool (p=0,279). Ao analisar a relação das variáveis metabólicas, as classificações de triglicerídeos (p=0,112) e de colesterol total (p=0,250) não foram significativas. Contudo, a classificação da glicose apresentou diferença estatística (p=0,053), sendo que a maior parte dos trabalhadores classificados como pré-diabéticos possuíam a escolaridade incompleta, sendo 76% do G1 ou G2; o mesmo ocorreu nos classificados como diabéticos, em que 80% eram do G1 ou G2, e outros 20% do G3. Conclusão: Conclui-se que o nível de escolaridade pode estar relacionado à idade, classe socioeconômica, prática de atividade física e marcadores metabólicos, como a classificação da glicose, dos trabalhadores rurais.
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ISSN 2764-2135