RELATO DE EXPERIÊNCIA: UM OLHAR À SAÚDE PARA ALÉM DO PROCESSO PATOLÓGICO

Ingrid Franco Machado, BIANCA LUISA MORAIS, DAIANA KLEIN WEBER CARISSIMI, LETICIA LUZIA DOS SANTOS FERNANDES, CASSIANDRA SAMPAIO JOAQUIM, ANGELA CRISTINA FERREIRA DA SILVA

Resumo


Introdução: As concepções e práticas de saúde voltadas ao cuidado não comportam mais um olhar fragmentado que visa somente à doença. Busca-se uma prática assistencial, de acolhimento e respeito. Quanto às feridas crônicas, no Brasil,  elas constituem um problema de saúde pública. Tendem a levar as pessoas ao desgaste emocional, pois implicam em limitações, contribuem para o afastamento ou até aposentadoria do paciente, muitas vezes, ainda em período laboral produtivo. O tratamento é longo, de alto custo e muitas vezes de baixa resolutividade, se agravando ainda mais, quando não há, por parte do paciente, o envolvimento necessário para o seu processo de cura. Objetivo: apresentar as percepções acerca do atendimento multiprofissional a um paciente com ferida crônica de origem venosa em membro inferior, a partir da perspectiva da importância do engajamento do paciente ao tratamento. Metodologia: Relato de experiência vivenciado durante as atividades de atendimentos multidisciplinares no Ambulatório de Feridas no Serviço de Reabilitação Física (SRFis) – Universidade de Santa Cruz do Sul, que acontecem semanalmente, e atende pacientes encaminhados das unidades de saúde de seus municípios de origem, abrangidos pelas 8° e 13° Coordenadorias Regionais  de Saúde. Resultados: Após a triagem e a identificação da demanda do usuário, este, foi encaminhado para o ambulatório, onde recebeu atendimento de Enfermagem, quanto a assepsia da ferida, atendimento fisioterápico, quanto ao tratamento da ferida (laserterapia, LED, entre outros), e, atendimento psicológico, em forma de psicoterapia breve e focal. A partir da união de esforços e do conhecimento acadêmico foram realizados atendimentos semanais de setembro de 2020 a julho de 2021. Tal paciente possui a  lesão crônica de origem venosa há aproximadamente 25 anos, localizada em toda circunferência fibular-tibial do membro inferior direito. Observou-se durante os atendimentos, queixas de algia e sensibilidade exacerbadas no local da lesão, comportamento evitativo e  de esquiva quanto às orientações sobre o cuidado da lesão, demandando à filha, a maior responsabilidade com a troca dos curativos e da higiene da ferida. Além disso, o paciente apresenta dependência de medicamentos analgésicos, sejam eles, de controle especial ou não. Com o avançar dos atendimentos, o paciente demonstrou-se menos queixoso e mais otimista com o seu tratamento. Considerações Finais: Por fim, com o decorrer dos atendimentos percebeu-se que o paciente passou a compactuar com as questões de ordem pessoal e referentes ao tratamento. Assim como desviar o foco da doença/ferida e acessar outras demandas de sua vida demonstrando-se mais tranquilo e  satisfeito com a progressão do tratamento da ferida. Desta forma, é possível inferir, o quão importante são os cuidados que se devem ter com a lesão, evitando o aumento da mesma, bem como, o quanto o trabalho multidisciplinar, o olhar para além da doença, permitem aos profissionais buscarem estratégias de acolhimento, proporcionando maior qualidade de vida ao paciente/família.

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ISSN 2764-2135