RELATO DE EXPERIÊNCIA: UM OLHAR À SAÚDE PARA ALÉM DO PROCESSO PATOLÓGICO
Resumo
Introdução: As concepções e práticas de saúde voltadas ao cuidado não comportam mais um olhar fragmentado que visa somente à doença. Busca-se uma prática assistencial, de acolhimento e respeito. Quanto às feridas crônicas, no Brasil, elas constituem um problema de saúde pública. Tendem a levar as pessoas ao desgaste emocional, pois implicam em limitações, contribuem para o afastamento ou até aposentadoria do paciente, muitas vezes, ainda em período laboral produtivo. O tratamento é longo, de alto custo e muitas vezes de baixa resolutividade, se agravando ainda mais, quando não há, por parte do paciente, o envolvimento necessário para o seu processo de cura. Objetivo: apresentar as percepções acerca do atendimento multiprofissional a um paciente com ferida crônica de origem venosa em membro inferior, a partir da perspectiva da importância do engajamento do paciente ao tratamento. Metodologia: Relato de experiência vivenciado durante as atividades de atendimentos multidisciplinares no Ambulatório de Feridas no Serviço de Reabilitação Física (SRFis) – Universidade de Santa Cruz do Sul, que acontecem semanalmente, e atende pacientes encaminhados das unidades de saúde de seus municípios de origem, abrangidos pelas 8° e 13° Coordenadorias Regionais de Saúde. Resultados: Após a triagem e a identificação da demanda do usuário, este, foi encaminhado para o ambulatório, onde recebeu atendimento de Enfermagem, quanto a assepsia da ferida, atendimento fisioterápico, quanto ao tratamento da ferida (laserterapia, LED, entre outros), e, atendimento psicológico, em forma de psicoterapia breve e focal. A partir da união de esforços e do conhecimento acadêmico foram realizados atendimentos semanais de setembro de 2020 a julho de 2021. Tal paciente possui a lesão crônica de origem venosa há aproximadamente 25 anos, localizada em toda circunferência fibular-tibial do membro inferior direito. Observou-se durante os atendimentos, queixas de algia e sensibilidade exacerbadas no local da lesão, comportamento evitativo e de esquiva quanto às orientações sobre o cuidado da lesão, demandando à filha, a maior responsabilidade com a troca dos curativos e da higiene da ferida. Além disso, o paciente apresenta dependência de medicamentos analgésicos, sejam eles, de controle especial ou não. Com o avançar dos atendimentos, o paciente demonstrou-se menos queixoso e mais otimista com o seu tratamento. Considerações Finais: Por fim, com o decorrer dos atendimentos percebeu-se que o paciente passou a compactuar com as questões de ordem pessoal e referentes ao tratamento. Assim como desviar o foco da doença/ferida e acessar outras demandas de sua vida demonstrando-se mais tranquilo e satisfeito com a progressão do tratamento da ferida. Desta forma, é possível inferir, o quão importante são os cuidados que se devem ter com a lesão, evitando o aumento da mesma, bem como, o quanto o trabalho multidisciplinar, o olhar para além da doença, permitem aos profissionais buscarem estratégias de acolhimento, proporcionando maior qualidade de vida ao paciente/família.
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ISSN 2764-2135