SAÚDE MENTAL EM TEMPOS DE PANDEMIA

Maristela Meurer, Dulce Grasel Zacharias

Resumo


O mundo parou na tentativa de conter o avanço do COVID-19. O vírus Sars-Cov 2, além de atacar a saúde das pessoas de forma isolada, ele ataca a sociedade como um todo, causando enormes prejuízos humanos, sociais e econômicos. Cada pessoa pode reagir de forma diferente durante o período de quarentena, incluindo algumas reações emocionais e alterações comportamentais. Sendo assim, este estudo tem o objetivo de apresentar considerações acerca da saúde mental e o papel do psicólogo no cuidado psíquico em situações de pandemia. A partir da experiência prática do estágio integrado em Psicologia no Serviço Integrado de Saúde - SIS, surgiram algumas indagações, visto que, durante os atendimentos, observou-se que as pessoas estão inseguras, tristes e ansiosas. As principais demandas, principalmente por parte das pacientes mulheres, mãe e esposas, envolvem questões de convivência, pois os integrantes da família estão por maior tempo em casa, demandando maior atenção, sobrecarregando, muitas vezes, essa mulheres. As pandemias são emergências da área de saúde em que há ameaça à vida das pessoas e que causam um número significativo de doentes e mortes. Do ponto de vista da saúde mental, uma pandemia de grande magnitude implica em uma perturbação psicossocial que pode ultrapassar a capacidade de enfrentamento da população afetada. Os fatores que influenciam o impacto psicossocial estão relacionados a magnitude da epidemia e o grau de vulnerabilidade em que a pessoa se encontra no momento. Entretanto, é importante destacar que nem todos os problemas psicológicos apresentados poderão ser qualificados como doenças. A maioria será classificado como reações normais diante de uma situação anormal. São muitas as possibilidades de estratégias de cuidado psíquico que podem ser buscados/acessados em meio a uma pandemia. Incialmente, é importante a pessoa reconhecer e acolher seus receios e medos, procurando uma escuta terapêutica para pensar possíveis e adequadas intervenções. Além disso, o enfrentamento nestas situações é relacionado a fatores como resiliência e características socioculturais de confrontação do sofrimento, rede socioafetiva e políticas de cuidado em atenção psicossocial e saúde mental a serem desenvolvidas a curto, médio e longo prazo. Dessa maneira, a singularidade do momento demanda compreender como o comportamento humano e seus processos são afetados, assim melhores estratégias e ações preventivas, curativas e pós-traumáticas podem ser planejadas com maior adequação ao campo. Diante deste trabalho, foi possível pensar estratégias de atuação para minha prática frente aos atendimentos realizados durante o estágio integrado, em meio a pandemia. Foi possível ampliar a leitura e as possibilidades de trabalho, pois, o contexto em questão abre margem para que profissionais/acadêmicos de saúde sejam atravessados por questões parecidas com as das pessoas a quem prestam serviços. Para conseguir fazer o afastamento ideal entre conteúdos que tangem a experiência pessoal e aqueles que se referem ao caráter profissional da relação psicólogo-paciente, a supervisão foi fundamental para que o trabalho obtivesse os resultados esperados. A ressignificação dos pressupostos em relação aos atendimentos, a readequação do trabalho, as mudanças de posicionamento, maior valorização do rosto e da voz das pessoas em atendimento - bem como o uso de recursos tecnológicos como ferramenta de trabalho - apontam para a reinvenção do setting terapêutico.


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ISSN 2764-2135