Mostra de Extensão, Ciência e Tecnologia da Unisc

Introdução: Com uma extensa variedade de produtos disponíveis no mercado é comumente observado que os praticantes de academia consomem diferentes tipos de suplementos alimentares simultaneamente. Muitas vezes, pode ocorrer um consumo abusivo e sem orientação de um profissional capacitado. Apesar do consumo frequente de suplementos alimentares, ainda é desconhecido a respeito da genotoxicicidade (danos no DNA) desses produtos sobre a saúde humana. Objetivo: Associar o número de suplementos utilizados com danos no DNA pelo ensaio cometa em praticantes de academia. Metodologia: Pesquisa transversal, realizada com praticantes de academia com idade igual ou superior a 18 anos, de ambos os sexos do município de Santa Cruz do Sul–RS. Foram incluídas na pesquisa as academias que possuíam um profissional de Educação Física registrado no Conselho Regional de Educação Física do Rio Grande do Sul. Os voluntários da pesquisa foram recrutados nas próprias academias e responderam a um questionário sobre dados sociodemográficos (idade, sexo) e sobre o consumo de suplementos alimentares. Para avaliação do dano no DNA pelo ensaio cometa, os praticantes de academia realizaram um exame sanguíneo na Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). Posteriormente, a técnica de ensaio cometa foi realizada conforme protocolo padrão do Laboratório de Nutrição Experimental da UNISC. As lâminas foram analisadas em duplicata com o auxílio de microscópio e analisou-se 100 células por indivíduo. A classificação dos danos foi realizada de acordo com a intensidade e a frequência de dano no DNA. A classe de dano de cada célula foi classificada entre 0 e 4, de acordo com a presença e tamanho da formação da “cauda” das células após o procedimento. A frequência de dano foi calculada a partir da porcentagem total de células que apresentaram danos. Para as análises estatísticas, utilizou-se o software GraphPad Prism 6.01, realizando o teste de correlação de Spearman para associar o número de suplementos e o índice e frequência de dano no DNA. Essa pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNISC (parecer 2.020.170). Resultados: Participaram do estudo 98 praticantes de academia, com idade média 40,8±15,44, sendo 57,1% do sexo feminino. Faziam o uso de suplementos alimentares 33,7% da amostra. Foi observada uma associação entre o número de suplementos utilizados e o índice de dano (r=0,219; p=0,030) e a frequência de dano (r=0,307; p=0,002), mostrando que, quanto maior o número de suplementos alimentares usados, maior era o índice e a frequência de dano nos praticantes de academia. Além disso, entre as classes de danos, houve uma associação inversa entre o número de suplementos utilizados pelos praticantes de academia e a frequência de danos da classe 0 (r= -0,213; p= 0,036), assim como verificou-se uma associação positiva entre o número de suplementos utilizados pelos praticantes de academia e a frequência de danos da classe 2 (r=0,032; p=0,002). Conclusão: Os resultados do presente estudo mostraram uma associação entre o número de suplementos alimentares utilizados e o índice e frequência de danos no DNA. Além do mais, verificou-se que o aumento no número de suplementos utilizados associou-se com uma menor frequência de dano classe 0 e maior frequência de dano classe 2.