INFLUÊNCIA DO TABACO NO PARASITISMO E MORTALIDADE DE TRICHOGRAMMA PRETIOSUM RILEY (HYMENOPTERA: TRICHOGRAMMATIDAE) ASSOCIADO A OVOS DE EPHESTIA KUEHNIELLA (ZELLER) (LEPIDOPTERA: PYRALIDAE)

Milena Isabel Rauber, Cleder Pezzini, Andreas Köhler

Resumo


Trichogramma pretiosum Riley (Hymenoptera: Trichogrammatidae) é amplamente utilizado em programas de controle biológico por ser considerado um parasitoide generalista de ovos de lagartas, especialmente nas culturas agrícolas como soja, tomate e milho. No entanto, não há informações sobre a utilização deste parasitoide na cultura do tabaco. Assim, este trabalho objetivou avaliar o parasitismo e mortalidade de fêmeas de T. pretiosum parasitando ovos de Ephestia kuehniella (Zeller) (Lepidoptera: Pyralidae) na presença de diferentes tipos e classes de tabaco. O parasitismo foi avaliado em bioensaios com e sem escolha. Os ovos de E. kuehniella foram aderidos em folhas de tabaco seco Virgínia com alta e baixa concentração de nicotina, folhas de tabaco seco Burley e folhas frescas de mudas de tabaco Virgínia, perfazendo quatro superfícies de 2 x 2 cm. Como controle utilizou-se papel sulfite branco. No bioensaio de parasitismo sem escolha, foram oferecidos a uma fêmea de T. pretiosum, 40 ovos de E. kuehniella aderidos as diferentes superfícies. Para o teste de dupla escolha, foram oferecidos uma massa de 20 ovos de E. kuehniella aderidos aos diferentes tipos de tabaco, do outro lado da arena, outra massa de 20 ovos hospedeiros aderidos ao papel sulfite branco.  Após duas horas as fêmeas foram retiradas e os ovos armazenados nas mesmas condições de criação até a emergência da prole. A mortalidade das fêmeas de T. pretiosum foi observada a cada cinco minutos após o seu contado com as diferentes superfícies, durante o intervalo de duas horas. Foram realizadas 30 repetições para cada experimento. No bioensaio de parasitismo sem escolha, a porcentagem de parasitismo de T. pretiosum variou de acordo com a superfície no qual os ovos do hospedeiro estavam aderidos. Não houve diferença no número médio de ovos parasitados no controle e em folhas frescas de mudas de tabaco Virgínia, enquanto que nos demais tratamentos houve parasitismo significativamente inferior. No tabaco seco Virgínia com mais nicotina e Burley não houve parasitoides emergidos. Nos testes de dupla escolha, não houve diferença no número de ovos parasitados entre o hospedeiro aderido às folhas frescas de mudas de tabaco Virgínia e papel sulfite branco. No entanto, as fêmeas mostraram preferência em parasitar ovos aderidos ao controle quando expostos simultaneamente ao tabaco Virginia seco com menor nicotina. Não houve parasitismo nos ovos de E. kuehniella aderidos às folhas secas do tabaco Virginia com mais nicotina, parasitando os ovos apenas no controle. No tratamento com tabaco seco Burley, não houve parasitismo inclusive no controle. Após duas horas, não houve mortalidade de T. pretiosum no papel sulfite branco, não diferindo da folha fresca de mudas de tabaco Virginia. Para os tipos de tabaco seco, houve aumento na mortalidade ao longo do tempo. Para o tabaco seco Virgínia com baixas e altas concentrações de nicotina, ao final de 120 minutos, apenas 40 e 20% dos parasitoides estavam vivos, respectivamente. O tabaco seco Burley causou a mortalidade de 100% das fêmeas de T. pretiosum em apenas 15 minutos de exposição. Portanto, T. pretiosum não deve ser considerado uma escolha como agente de controle biológico de pragas em ambientes com tabaco armazenado. Por outro lado, em condições de campo aberto, durante o crescimento da planta, seu uso pode ser viável, uma vez que o acúmulo de nicotina na planta ocorre apenas no final de seu desenvolvimento.

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ISSN 2764-2135