O PAPEL DA OBESIDADE NA RELAÇÃO ENTRE O ELEVADO TEMPO DE TELA E ALTERAÇÕES NA ENZIMA HEPÁTICA ALANINA AMINOTRANSFERASE EM ADOLESCENTES

Liandra Sperb Silveira, Cézane Priscila Reuter, JANE DAGMAR POLLO RENNER, ANA PAULA SEHN, CAROLINE BRAND, MARILIA DORNELLES BASTOS, ALEXANDRE RIEGER

Resumo


 

Introdução: Já é estabelecido que o elevado tempo de tela, em adolescentes, é um fator de risco para o desenvolvimento de alterações metabólicas. No entanto, poucos estudos focam na avaliação de comportamentos sedentários associados com a enzima alanina aminotransferase (ALT), um biomarcador que auxilia na identificação de doença hepática gordurosa não alcoólica. Além disso, são escassos os estudos que avaliam o papel da obesidade na relação entre comportamentos sedentários e biomarcadores da função hepática, especialmente em adolescentes brasileiros. Objetivo: Este estudo objetiva avaliar o papel da obesidade na relação entre o elevado tempo de tela e alterações na enzima hepática ALT. Método: Participaram do estudo, de caráter transversal, 978 adolescentes (560 meninas), com idades entre 10 a 17 anos, do município de Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul. Os dados fazem parte da pesquisa “Saúde dos Escolares”, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade de Santa Cruz do Sul sob parecer nº 714.216/14, desenvolvida na instituição em 2014 e 2015. Os sujeitos do estudo são escolares da zona urbana e rural, de 20 escolas públicas e de 2 escolas privadas do município. A avaliação do tempo de tela englobou o uso de televisão, computador e videogame. Considerou-se elevado o tempo de tela igual ou superior a 120 minutos/dia. Os níveis séricos de ALT foram avaliados por meio de analisador automatizado.  Posteriormente, os valores foram classificados em duas categorias: normal e risco (ALT >35 U/L). O índice de massa corporal (IMC) foi utilizado para avaliar o estado nutricional do adolescente, sendo classificado de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde, em quatro categorias: baixo peso, eutrofia, sobrepeso e obesidade. Para a análise dos dados, foi aplicada a estatística descritiva, por meio da frequência absoluta e relativa. A associação entre a variável independente (tempo de tela) e a variável dependente (alteração na enzima ALT) foi testada por meio da regressão de Poisson, com ajuste do modelo para sexo e estágio maturacional. As análises foram estratificadas pelo estado nutricional (IMC) do escolar. Os dados foram apresentados em razão de prevalência (RP) e intervalo de confiança para 95% (IC95%). Resultados: Foi observada alta frequência de adolescentes com tempo de tela elevado (n=762; 77,9%). A avaliação do estado nutricional identificou 166 (17,0%) adolescentes com sobrepeso e 126 (12,9%) com obesidade. A alteração na enzima ALT foi evidenciada em 3,9% da amostra. Adolescentes com obesidade e que apresentam elevado tempo em frente às telas possuem maior prevalência de alteração na enzima ALT (RP: 1,09; IC95%: 1,01-1,17), em comparação aos seus pares que apresentam baixo tempo de tela. Não foi observada associação entre o tempo de tela com alteração nos níveis de ALT nos adolescentes com baixo peso, eutrofia ou sobrepeso. Conclusão: o elevado tempo de tela está associado com alterações nos níveis da enzima ALT em adolescentes, sendo dependente da presença de obesidade. Portanto, enfatiza-se a necessidade de adoção de comportamentos ativos e redução de comportamentos sedentários desde a infância e adolescência, com vistas à redução da obesidade, importante fator de risco para alterações metabólicas.

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ISSN 2764-2135