ANÁLISE DA COMPLETUDE DAS FICHAS DE NOTIFICAÇÃO PARA DENGUE NO MUNICÍPIO DE SANTA CRUZ DO SUL

Marlua pontel, Ana Caroline Schaefer de Moura, Lia Gonçalves Possuelo, Andreia Rosane de Moura Valim, Vanda Hermes

Resumo


A dengue é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) um dos mais sérios problemas de saúde pública do mundo. Ela é uma doença febril aguda, de etiologia viral e que se manifesta de formas variadas, desde uma forma assintomática até quadros graves e hemorrágicos, podendo levar ao óbito. O principal transmissor da dengue é o mosquito Aedes aegypti e a sua disseminação acontece especialmente nos países tropicais e subtropicais, onde as condições do meio ambiente favorecem a proliferação dos vetores. Em março de 2021, o número de notificações de dengue aumentou significativamente em relação ao mesmo período em anos anteriores. A influência do clima foi essencial para o quadro atual, pois os meses iniciais deste ano foram mais chuvosos e, associados à realidade de um município considerado infestado pelo mosquito A. aegypti, proporcionaram ambientes favoráveis ao incremento dos casos. Santa Cruz do Sul foi o município do estado com a maior taxa de letalidade por dengue (0,3%). Neste trabalho o objetivo foi apresentar um relato de experiência sobre vigilância epidemiológica da dengue e a análise da completude das fichas de notificação de dengue no município de Santa Cruz do Sul. Foi realizado um estudo transversal e prospectivo junto a Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde do Município de Santa Cruz do Sul. As atividades previstas relacionadas à vigilância da dengue foram entrar em contato com os pacientes e completar as fichas de notificação para dengue. Foram analisadas 100 fichas de notificação com informações incompletas de casos notificados entre abril e junho de 2021. Os dados faltantes foram coletados através de ligações telefônicas realizadas para os pacientes com fichas de notificação incompletas. Entre as fichas de notificação avaliadas, as variáveis incompletas que precisavam ser corrigidas foram as seguintes: data de início dos sintomas (3%), endereço (3%), data de internação (3%), data de alta hospitalar (4%), doenças pré-existentes (7%), ocupação (25%) e resultado do exame NS1 (55%). Após a realização das ligações telefônicas, 34 (34%) foram atendidas, 3 (3%) fichas estavam com o número de telefone incorreto e 63 (63%) pessoas não atenderam durante os dias em que foi realizado contato. Entre os telefonemas atendidos, 22 (64,7%) eram de casos positivos, 11 (32,4%) negativos e 1 (2,9%) foi diagnosticado dengue sem solicitação de qualquer exame laboratorial. Observou-se que em 66% das ligações telefônicas não obtiveram êxito para a verificação das situações dos casos positivos ou negativos, com a finalidade de encerrá-los corretamente no sistema e completar suas fichas. Percebeu-se também, que muitas pessoas não tinham disponibilidade naquele momento e alguns até respondiam de forma ofensiva. Outros questionavam o porquê da ligação, provavelmente por medo ou desconfiança de passar suas informações. Em suma, o preenchimento incompleto dos dados das fichas de notificação no momento da consulta, contribuiu para a necessidade de novos contatos com pacientes por meio da Vigilância epidemiológica do município para que os casos pudessem ser encerrados de forma correta e completa. A educação permanente em Saúde poderia ser uma estratégia para qualificar para os servidores em relação ao preenchimento adequado das notificações e também demonstrar o impacto das ações de vigilância epidemiológica para o controle da doença na comunidade.

 


Apontamentos

  • Não há apontamentos.


ISSN 2764-2135