O ALTO TEMPO DE TELA PODE MODIFICAR A RELAÇÃO ENTRE O POLIMORFISMO RS9939609 DO GENE FTO E O PERFIL LIPÍDICO EM ESCOLARES?

Ana Paula Rabuske, Ana Paula Sehn, Andréia Rosane de Moura Valim, Cézane Priscila Reuter

Resumo


Introdução: O avanço tecnológico do século fez com que crianças e adolescentes tivessem cada vez mais acesso a mídias eletrônicas e despendessem elevado tempo em frente às telas. Consequentemente, observa-se que quanto mais alto o tempo de tela, maior a probabilidade de apresentar um perfil de saúde desfavorável, ainda mais aliado à uma predisposição genética para a obesidade. Diante disso, torna-se relevante entender as associações entre o polimorfismo rs9939609, do gene FTO (fat mass and obesity-associated), com o perfil lipídico, bem como o papel do tempo de tela na infância e adolescência. Objetivo: Verificar o papel moderador do tempo de tela na relação entre o polimorfismo rs9939609 (FTO) e o perfil lipídico em crianças e adolescentes. Método: Estudo transversal composto por uma amostra de 1321 escolares de 6 a 17 anos, de escolas do município de Santa Cruz do Sul/RS. A genotipagem do polimorfismo rs9939609 (FTO) foi realizada pela técnica de reação em cadeia de polimerase (polymerase chain reaction; PCR) em tempo real, no equipamento StepOnePlus. Para avaliar o perfil lipídico (colesterol total, colesterol de lipoproteína de alta densidade (HDL-c) e baixa densidade (LDL-c) e triglicerídeos) realizou-se coleta sanguínea com jejum prévio de 12 horas, sendo que a dosagem sérica foi realizada em equipamento automatizado. Já, para o tempo de tela foi considerado o somatório do tempo em frente à televisão, computador e videogame e avaliado por questionário autorreferido. Utilizou-se estatística descritiva (frequência absoluta e relativa, bem como média e desvio-padrão) para caracterizar a amostra. As análises de moderação foram testadas por meio de modelos de regressão linear múltipla usando o macro PROCESS do Statistical Package for Social Sciences (SPSS). A técnica de Johnson-Neymann foi aplicada para caracterizar ainda mais o papel moderador do tempo de tela na relação entre variável independente com a dependente, em que em que são determinados os pontos de corte para o tempo de tela em todos os níveis (baixo, médio e alto) nessa relação. Resultados: O termo interação demonstrou que o tempo de tela foi um moderador significativo na relação entre polimorfismo rs9939609 (FTO) e HDL-c (ß= -0,01; IC95%= -0,03; 0,02). Não observou-se moderação significativa do tempo de tela para a relação com as demais variáveis do perfil lipídico. A técnica de Johnson–Neymann foi utilizada para a variável que apresentou interação significativa, indicando que a relação entre rs9939609 (FTO) e HDL-c variam de acordo com o baixo, médio e alto nível do tempo de tela. Observou-se uma relação significativa entre o genótipo de risco (AA) do polimorfismo rs9939609 (FTO) e HDL-c para as crianças e adolescentes que despendem mais que 407 minutos em frente às telas (ß=-2,20; IC95%=-4,41; 0,01). Conclusão: O tempo de tela modera a relação entre o polimorfismo rs9939609 (FTO) e HDL-c, em que o alto tempo de tela parece influenciar nessa relação em crianças e adolescentes. Sendo assim, recomenda-se que seja reduzido o tempo em frente às telas para minimizar os efeitos deletérios que o comportamento sedentário pode acarretar na saúde desses jovens.


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ISSN 2764-2135