PREVALÊNCIA DE FRAQUEZA MUSCULAR INSPIRATÓRIA EM SOBREVIVENTES DA COVID-19 MODERADA
Resumo
Introdução: A Covid-19 é uma doença causada pelo vírus SARS-CoV-2 e que apresenta um perfil pandêmico que vem causando a morte e debilidade clínica e funcional nos sobreviventes. Tal doença pode cursar com sintomas leves, graves ou muito graves. Os casos graves podem evoluir para importante comprometimento da função pulmonar, entretanto, os efeitos tardios sobre o sistema respiratório, bem como sobre a capacidade funcional do indivíduo ainda não estão plenamente estudados. A fadiga e perda funcional no pós-Covid têm sido relatadas na literatura, mas há dados inconclusivos quanto às características de tais eventos. O acometimento da musculatura inspiratória é um achado clínico frequente, não somente nos pacientes com doenças neuromusculares, mas também naqueles com doenças respiratórias que afetam primariamente o parênquima pulmonar ou as vias aéreas como na Covid-19. A fraqueza dos músculos inspiratórios pode causar dispneia e intolerância aos esforços devido a hipoventilação causada e a perda da capacidade aeróbica que, se não identificada e tratada, poderá ocasionar insuficiência respiratória ou disfunções que poderão afetar a qualidade de vida do indivíduo. Objetivo: Avaliar a prevalência de fraqueza muscular inspiratória em sobreviventes da Covid-19 moderada na alta da unidade de terapia intensiva. Método: Trata-se de um estudo transversal que foi realizado antes da alta da unidade de terapia intensiva em 47 pacientes que tiveram Covid-19 moderada. Tais pacientes foram avaliados quanto a idade, o índice de massa corporal (IMC) e a taxa de intubação orotraqueal (IOT). A pressão inspiratória máxima (PImax) foi avaliada por meio da manovacuometria digital (MV 300®, Porto Alegre, Brasil), tendo sido considerado os valores absolutos e preditos (Parreira et al., 2007). Resultados: Participaram do estudo 47 pacientes, sendo 29 do sexo masculino (61,7%) com média de idade de 54,70±11,34 anos e IMC de 32,45±4,67 Kg/m2. A taxa de IOT foi de 10,4% (n= 5) e 89,3% (n= 42) foram submetidos a ventilação não-invasiva, à oxigenoterapia de alto fluxo e a posição prona em respiração espontânea. A PImax foi de -81,28±35,04 cmH2O (82,77%pred) e a prevalência de fraqueza muscular inspiratória foi de 19,14% (n= 9). Conclusão: Em nosso estudo, foi evidenciada fraqueza muscular inspiratória no momento da alta da unidade de terapia intensiva em uma parcela de indivíduos com Covid-19 moderada. A fraqueza muscular inspiratória pode resultar em perda de capacidade aeróbica e da funcionalidade, tornando-se importante tal detecção precoce.
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ISSN 2764-2135