INCONTINÊNCIA URINÁRIA LIGADA À OVARIOHISTERECTOMIA EM CADELAS: RELATO DE CASO

Gabriela Henckes Weber, Maickel Cavalheiro Greiner, Clara Elis Muller Bettin, Pâmela Eduarda Heisser, Daiane Thozeski, Maurício Borges da Rosa

Resumo


Historicamente, a castração é ensinada como um método eficiente de resolução de problemas como: superpopulação de animais, ninhadas indesejadas, neoplasias mamárias e alterações de comportamento. Tornando-se assim, um dos procedimentos eletivos mais realizados na rotina veterinária. Entretanto, nos últimos anos, a prática padrão de esterilização tem sido desafiada, já que, alguns estudos e pesquisas atuais documentam, além dos benefícios, os riscos associados à ovariohisterectomia. A incontinência urinária adquirida é uma das sequelas mais significativas deste procedimento, estando presente em até 20% das fêmeas caninas. O mecanismo exato que envolve a alteração ainda não é completamente elucidado, necessitando de maiores estudos acerca do assunto. Objetiva-se, com este trabalho, relatar um caso de incontinência urinária associado à ovariohisterectomia. O caso relatado foi obtido através de um atendimento no Hospital Veterinário da Universidade de Santa Cruz do Sul, RS. Trata-se de uma fêmea canina, da raça Pastor Belga de 4 anos de idade, obesa com 43kg e castrada. O tutor relatava incontinência urinária há aproximadamente 2 meses, sem nenhum histórico anterior da afecção, entretanto, o animal estava sem outros sinais clínicos evidentes e os exames laboratoriais sanguíneos não continham alterações, sugerindo a suspeita de incontinência urinária devido à castração. Nesse contexto, acredita-se que a incompetência do mecanismo do esfíncter uretral ocorre devido à deficiência de estrógeno em fêmeas castradas, que envolve não apenas a musculatura lisa, como também os tecidos de apoio adjacentes, resultando em um fechamento insuficiente da uretra. Em 75% das cadelas acometidas, os sinais ocorrem durante os primeiros três anos após a cirurgia, no entanto, pesquisas comprovam que eles podem aparecer imediatamente após o procedimento ou até, 10 depois. O efeito da idade no momento da esterilização é controverso, alguns autores indicam que fêmeas castradas antes dos 3 meses têm maiores chances de desenvolverem a afecção, enquanto outros descartam a tese. Entre os fatores de risco, está o peso do animal - cadelas mais pesadas na fase adulta, têm a chance aumentada de apresentar a afecção. Em algumas raças de grande porte, como os Golden Retrievers é possível encontrar um maior número de relatos de casos. Os medicamentos mais utilizados para o tratamento incluem primeiramente agonistas alfa-adrenérgicos e em casos mais graves, estrógenos, na tentativa de aumentar o tônus uretral por estimulação dos receptores alfa-adrenérgicos presentes na musculatura lisa. No entanto, há estudos que destacam que o uso contínuo de estrógeno pode favorecer à inflamação do coto uterino e potencializar o crescimento bacteriano e por isso, pesquisa-se a introdução de antidepressivos tricíclicos na terapêutica da incontinência urinária. Atualmente sabe-se que a incontinência não é atribuída apenas à diminuição dos níveis de estrógeno e que novas drogas como a Amitriptilina estão sendo testadas, já que alfa-adrenérgicos eficientes e com menos efeitos adversos têm seu uso banido no Brasil. Além disso, sabe-se que uma parcela significativa das cadelas não responde à terapia, sendo necessário maiores estudos para estabelecer a efetividade do tratamento com antidepressivos, bem como o impacto gerado por eles na vida do animal.

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ISSN 2764-2135