O SEGREDO E A HOMEOSTASE NO SISTEMA FAMILIAR: UMA ANÁLISE DE CASO

Maurelei Juliana da Silva, Dulce Grasel Zacharias

Resumo


O presente trabalho trata-se de um estudo de caso realizado a partir da experiência de atendimento clínico em um serviço-escola, intitulado Serviço Integrado de Saúde (SIS) da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). Tem por objetivo abordar a análise de um caso, a fim de elucidar a correlação entre teoria e prática vivenciada no processo de psicoterapia. O caso em questão, refere-se a uma família, que será identificada aqui, como Família T. A família atendida é composta por três integrantes, a avó “C” (70 anos), a mãe “A” (41 anos) e o filho “P” (18 anos), atualmente são residentes do município de Santa Cruz do Sul,  por alguns anos a família morou em outro estado brasileiro. A família iniciou o processo terapêutico em outubro de 2019, no Serviço Integrado de Saúde (SIS), onde foram encaminhados pelo CAPSIA (Centro de Atenção Psicossocial da Infância e Adolescente), local onde “P” era atendido individualmente. O paciente chega ao serviço com laudos referentes a esquizofrenia e pela demanda que a família trazia, sendo de agressividade por parte de “P” em relação a mãe “A” e a avó “C”. A demanda da família se dá em torno das frequentes agressões físicas que “P” reproduz contra a mãe e avó, que segundo elas ocorre em momentos de intensa irritabilidade do menino. Outras queixas apresentadas são as de que “P” mente muitas coisas, em momentos de irritabilidade, o mesmo sai de casa e não avisa onde vai, preocupando assim a família. Ainda é citado como queixa, a falta de autonomia e participação de “P” nos afazeres domésticos, que segundo “A” e  “C” só se interessa em jogos onlines. Em relação à família T. as hipóteses que podem ser citadas na busca de um melhor entendimento são: Conflitiva Familiar (CID 10 - Z36.7) , e Indiferenciação de Self. A família T., apresenta uma forte simbiose, e tal simbiose é encontrada no contexto familiar e especialmente na relação entre “A” e “P”, onde mesmo sendo uma relação conflituosa é de extrema dependência emocional. A família em questão apresenta fronteiras difusas ou emaranhadas, não possibilitando a existência do espaço pessoal de cada integrante e fazendo com que as questões individuais tornem-se situações coletivas com excesso de envolvimento emocional dos demais integrantes.

A diferenciação do self dos integrantes da família se apresenta bastante prejudicada e sem equilíbrio. Outras duas questões bastante presentes no processo da família T. são as de postura de segredo em relação às agressões de “P” e a insistente homeostase que a família faz manutenção durante as sessões.


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ISSN 2764-2135