A PRESENÇA DE CINTURA HIPERTRIGLICERIDÊMICA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES ESTÁ ASSOCIADA COM A PRESSÃO ARTERIAL ALTERADA APÓS TRÊS ANOS?
Resumo
Introdução: Devido às modificações comportamentais, sociais e ambientais, percebe-se aliado a isso o crescente aumento de casos de doenças crônicas não transmissíveis, inclusive em jovens. Desta forma, a detecção precoce de fatores de risco às doenças cardiovasculares é fundamental. Poucos estudos, no entanto, avaliam a presença de cintura hipertrigliceridêmica (CHT) na população infantojuvenil, sendo considerado um marcador de risco de doenças cardiometabólicas. Também, são escassos relacionados com fatores de risco associados, como pressão arterial (PA). Objetivo: Verificar a associação com o fenótipo de cintura hipertrigliceridêmica (CHT) após 3 anos de acompanhamento em crianças e adolescentes).
Método: Estudo longitudinal com 420 crianças e adolescentes, da cidade de Santa Cruz do Sul – RS, de ambos os sexos (56,2% do sexo feminino), com média de idade de 10 anos (desvio padrão: 2 anos) e 13 anos (desvio padrão: 2 anos) anos, avaliados em 2011 e 2014, respectivamente. Os valores da circunferência de cintura (CC) foi classificada em baixo ou elevado risco, para idade e sexo, e os de níveis de triglicerídeos (TG) foram classificados em aceitável/limítrofe ou elevado. A presença do fenótipo de CHT foi considerada na presença, de forma concomitante, de níveis elevados de CC e TG. A pressão arterial sistólica (PAS) e pressão arterial diastólica (PAD) foram classificadas conforme parâmetros da VII Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, em normotensão, limítrofe e hipertensão, sendo que indivíduos com alteração de pelo menos uma (PAS ou PAD) eram classificados com PA limítrofe ou hipertensão. Para relacionar a PA com a CHT de 2011 para 2014 foram classificados como normotenso/normotenso, normotenso/limítrofe e normotenso/hipertenso. A caracterização da amostra foi descrita por meio de frequência absoluta e relativa, bem como média e desvio-padrão. Utilizou-se a análise de regressão logística multinomial para testar a associação entre a variável preditora (fenótipo CHT) e o desfecho (modificação da pressão arterial), com ajustes para maturação sexual. Os dados foram expressos por meio de odds ratio (OR), intervalo de confiança de 95% (IC 95%) e nível de significância de p<0,05. Todas as análises foram testadas no programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) software, versão 23.0 (IBM, Armonk, NY, USA). Resultados: Os participantes não apresentaram mudanças relevantes de 2011 para 2014 para o fenótipo CHT. Em relação à PA, observa-se que 15,7% dos avaliados foram classificados como limítrofes e 13,8% como hipertensos em 2014. Além disso, verificou-se que 11% dos participantes se tornaram hipertensos após três anos de acompanhamento. Em relação a associação entre CHT e a modificação da PA, os resultados indicaram que crianças e adolescentes com presença do fenótipo CHT com referência a 2011 apresentam 5,89 (IC 95%: 1,09; 31,71) mais chances de se tornarem limítrofes em 2014, após três anos de acompanhamento.
Conclusão: A CHT tem relação com o aumento de PA, somente para casos limítrofes, após três anos, além de ser observado aumento dos casos de hipertensão nesse período. Assim, é possível buscar estratégias de redução de danos pensando em fatores que levam a alterações da CHT em crianças e adolescentes. Visto que crianças e adolescentes com fenótipo de CHT, em apenas 3 anos, tiveram mais chances de desenvolver alterações na PA.
Apontamentos
- Não há apontamentos.
ISSN 2764-2135