CONDIÇÕES DE TRABALHO E AGRAVOS À SAÚDE NO SETOR DE TRANSPORTES NO BRASIL: O BEM-ESTAR BIOPSICOSSOCIAL DOS CAMINHONEIROS DURANTE EXERCÍCIO LABORAL

Henrique Ziembowicz, Suzane Beatriz Frantz Krug, Morgana Pappen, Guilherme Mocelin, Irene Souza, Laura Schmidt Rizzi, Iagro Cesar de Almeida, Lucas Gomes Ribeiro, Maria Antônia Bombardelli Cereser, Alexandra Barbosa Mazoni

Resumo


A Organização Mundial da Saúde conceitua a saúde como um estado completo de bem-estar físico, mental e social do ser humano. Neste sentido, a área de atuação da Saúde do Trabalhador atua na prevenção de doenças ocupacionais causadas por condições de trabalho, proteção dos trabalhadores dos riscos adversos à saúde, inserção e conservação dos trabalhadores nos ambientes ocupacionais adaptados a suas aptidões fisiológicas e psicológicas. Ou seja, intenta promover e manter o bem-estar biopsicossocial dos trabalhadores em todas as ocupações.Existem diversas populações de trabalhadores negligenciadas no Brasil, em tempos de crise, estas condições ficam em evidência no debate público e, no atual cenário pandêmico, este destaque se estende aos motoristas de carga pesada, um exemplo de população negligenciada na assistência à saúde. Conforme a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (ABCAM), cerca de 2 milhões de caminhoneiros percorrem as estradas do país diariamente, além de serem responsáveis pela perfeita entrega da mercadoria em prazo preestabelecido e tal responsabilidade não condiz à qualidade de vida e saúde a qual esses trabalhadores se encontram. Este escrito visa abordar e explicitar as principais condições de agravos à saúde concernentes ao exercício laboral de caminhoneiros, bem como, os fatores que contribuem para seu acometimento. Para tal fim, o presente estudo descritivo destaca-se por ser uma revisão bibliográfica, desenvolvida a partir de busca de artigos na base de dados Scielo no período de 2018 a 2021. O estudo foi elaborado no módulo Saúde do Trabalhador e Políticas Ambientais do curso de Medicina da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). Quanto ao perfil dos caminhoneiros, os estudos apontam que a idade média é de 45 anos e o tempo médio de profissão é de 18 anos. A jornada de trabalho, muitas vezes excede o limite previsto em lei, sendo de aproximadamente 12 horas diárias. As principais condições de agravos e acometimentos ao bem-estar biopsicossocial dos caminhoneiros durante exercício laboral são a elevada carga mental de trabalho (CMT), pressão dos empregadores por produtividade e atingimento de metas, trabalho extenuante acima de 12 horas por dia, hábitos alimentares inadequados, sedentarismo, condições ergonômicas deficitárias com a prevalência de lombalgias, além do sono de má qualidade e uso de indiscriminado de substâncias psicoativas. Outros aspectos a serem considerados seriam situações violência e acidentes de trânsito os quais se configuram como acidentes de trabalho. Cerca de 20% dos caminhoneiros procuram profissionais de saúde somente quando os sintomas da doença se agravam e 13% não costumam procurar assistência em saúde. Os distúrbios músculo esqueléticos e CMT são diretamente proporcionais às horas trabalhadas. Por meio do trabalho, verificou-se que o principal agravo à saúde dos caminhoneiros é a lombalgia, tendo como principal causa o longo período na mesma posição ergonômica deficitária. Mostra-se importante que recomendações intervencionistas apresentem enfoque na promoção e manutenção de saúde dos caminhoneiros de forma a aprimorar e qualificar a assistência à saúde destes trabalhadores.

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ISSN 2764-2135