SÍNDROME DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA SISTÊMICA – RELATO DE CASO
Resumo
A Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SRIS) acontece quando existe um desequilíbrio entre fatores pró e anti-inflamatórios, constituindo assim uma resposta exagerada do organismo a partir de um dano tecidual de diferentes etiologias. Quando essa resposta ocorre frente à uma infecção, chamamos de septicemia ou sepse. A taxa de mortalidade decorrente de sepse grave nos países desenvolvidos varia de 25% a 30%, podendo chegar a 92% em países subdesenvolvidos. Existem várias afecções que podem cursar em sepse como peritonite, pielonefrite, pneumonia, artrite séptica, endocardite bacteriana e hemoparasitose. Além dessas afecções clínicas, a sepse pode ser consequência de manejo inadequado, geralmente associada a falta de higiene, como é o caso de acessos venosos mal manejados, assim como sondas uretrais, entre outras. Manifestações clínicas como bradicardia, taquipneia, hipotensão, anemia, mucosas pálidas, dor abdominal difusa, hipotermia, hipoalbuminemia e letargia são sintomas que poderão ser observados. Assim como na medicina humana, na veterinária, a taxa de mortalidade é alta em unidades de terapia intensiva, por este motivo o diagnóstico precoce é fundamental. Tendo isso em vista, logo após a identificação da suspeita clínica, as medidas de urgência precisam ser instaladas ainda nas primeiras horas de atendimento para aumentar as chances de recuperação. Esta afecção é grave, com risco iminente à vida, portanto o tempo é fundamental para o sucesso do tratamento. Devido a isso, a conduta terapêutica a ser adotada precisa ser clara e de rápido acesso para os profissionais envolvidos. Nas seis primeiras horas após o diagnóstico, existe um conjunto de medidas que devem ser tomadas: triagem eficiente, diagnóstico do foco, reestabelecimento da volemia, antibioticoterapia intravenosa imediata e cultura microbiana quando possível. Com o passar das horas, o cuidado intensivo desse paciente se faz necessário, pois alguns necessitam de intervenções complementares como hemoderivados, ventilação mecânica, sedação, analgesia e bloqueio neuromuscular, diálise, prevenção de trombose venosa profunda, controle de úlceras, agentes vasopressores e/ou inotrópicos, nutrição, reposição hidroeletrolítica, entre outros cuidados. Objetivamos com este estudo demonstrar a importância do diagnóstico e tratamento precoce de sepse visando a melhor recuperação dos animais acometidos por essa síndrome, além de relatar o caso de um felino fêmea, sem raça definida, de 3,5 kg, atendida no Hospital Veterinário da Universidade de Santa Cruz do Sul. O animal havia sido resgatada por uma ONG local há dois dias, o que diminuía consideravelmente as possibilidades de histórico prévio da saúde desse paciente. Foi relatado pelo tutor a suspeita de uma possível gestação e que, no mesmo dia do atendimento, observou-se a presença de pequenos ossos e sangramento ativo em secreção vaginal. A partir da anamnese e do exame físico realizado, suspeitou-se de aborto, sendo realizada uma Ovariohisterectomia Terapêutica. Após o procedimento, o animal permaneceu internado por três dias e teve alta hospitalar, sendo recomendados cuidados pós-operatórios e medicamentos. Concluiu-se que a sepse é uma doença que necessita de diagnóstico precoce e tratamento imediato, pois as taxas de mortalidade são altas quando o animal não é diagnosticado, diminuindo quanto mais precocemente se adotar as condutas terapêuticas adequadas.
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ISSN 2764-2135