IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO DO PESO NORMAL NO PERFIL METABÓLICO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES, INDEPENDENTEMENTE DOS NÍVEIS DE APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA.
Resumo
Introdução: Doenças cardiovasculares são uma das principais causas de morbimortalidade. A avaliação do risco metabólico fornece uma melhor perspectiva sobre o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Níveis desfavoráveis de adiposidade e aptidão cardiorrespiratória (APCR) estão individualmente associados ao maior risco metabólico em crianças e adolescentes. Portanto, a avaliação conjunta de adiposidade e APCR desde a infância pode fornecer informações necessárias para a promoção de uma vida saudável. Objetivo: Verificar diferenças de risco metabólico entre escolares com diferentes níveis de APCR e índice de massa corporal (IMC). Método: Estudo transversal com 2.296 escolares (990 meninos), com faixa etária de 6 a 17 anos, do município de Santa Cruz do Sul/RS. O risco metabólico foi avaliado por meio do escore contínuo de risco metabólico (ERM), levando em consideração a soma de medidas padronizadas dos níveis de glicose, pressão arterial sistólica, triglicerídeos e razão entre colesterol total e colesterol de alta densidade. A APCR foi avaliada por meio do teste de corrida e caminhada de 6 minutos e classificada em níveis de risco ou saudáveis (inaptos e aptos, respectivamente). O IMC foi calculado após a mensuração de peso e altura e, posteriormente, classificado em peso normal, sobrepeso ou obesidade. As categorias de sobrepeso e obesidade foram unificadas para as análises. Por fim, as variáveis APCR e IMC foram unificadas em quatro categorias: (01) Inapto/Peso Normal; (02) Inapto/Sobrepeso-Obesidade; (03) Apto/Peso Normal; e (04) Apto/Sobrepeso-Obesidade. A análise de covariância (ANCOVA) ajustada para a cor da pele e o nível socioeconômico dos escolares foi utilizada para verificar as diferenças de risco metabólico entre as categorias de APCR e IMC. Os modelos foram construídos separadamente para cada sexo. Além disso, comparações a posteriori de Bonferroni foram utilizadas para verificar quais comparações difeririam. Resultados: As ANCOVAs demonstraram diferenças entre escolares de ambos os sexos com diferentes níveis de APCR e IMC (p<0,001). Especificamente, escolares de ambos os sexos classificados com peso normal demonstraram menor risco metabólico (p<0,001), independentemente do nível de APCR (Masculino: ERMInapto/Peso normal=-0,31; ERMApto/Peso normal=-0,38; Feminino: ERMInapto/Peso normal=-0,17; ERMApto/Peso normal=-0,28;). Além disso, as análises a posteriori não demonstraram diferenças entre as categorias Inapto/Peso Normal e Apto/Peso normal em ambos os sexos (p>0,05). Escolares classificados como Inaptos/Sobrepeso-Obesidade demonstraram maior risco metabólico em ambos os sexos (Masculino: ERM=0,17; Feminino: ERM=0,32) e maiores níveis de risco metabólico em relação às demais categorias (p<0,01). Por fim, escolares de ambos os sexos classificados como Apto/Sobrepeso-Obesidade (Masculino: ERM=-0,07; Feminino: ERM=0,11) possuíam maior risco metabólico em relação aos escolares classificados como Apto/Peso normal (p<0,001) e Inaptos/Peso normal (p<0,001). Conclusão: O risco metabólico está associado com a presença combinada de baixos níveis de APCR e sobrepeso/obesidade em escolares. De forma isolada, manter o peso adequado parece ser mais importante para a saúde metabólica, porém, bons níveis de APCR parecem atenuar o maior risco metabólico. Portanto, ressalta-se a importância da manutenção dos níveis desejáveis de peso corporal e APCR desde cedo, para prevenção à futuros agravos à saúde metabólica.
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ISSN 2764-2135