IMPACTO E EFICÁCIA DOS MÉTODOS DE PREVENÇÃO PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA DE CÂNCER DE COLO UTERINO ASSOCIADO AO PAPILOMAVÍRUS HUMANO DE ALTO RISCO: UM ESTUDO DE REVISÃO.

Laura Cornelli, Maria Luísa Comin dos Santos, Victor Gottems Vendrusculo, Lia Gonçalves Possuelo

Resumo


O câncer de colo uterino (CCU) é causado por infecções dos subtipos oncogênicos do papilomavírus humano (HPV), sendo o quarto tipo mais comum entre as mulheres no mundo e a quarta causa de morte nessa população. Todavia, ainda grande parcela de mulheres não possui acesso aos métodos de rastreamento e prevenção. O objetivo deste estudo é avaliar o impacto e a eficácia dos métodos de prevenção associados à fisiopatologia dos HPV de alto risco e o CCU. Realizou-se uma revisão sistemática nas bases Pubmed e Periódicos Capes, entre 2015 e 2020, de artigos em português, inglês ou espanhol, com os descritores: “Uterine Cervical Neoplasms”, “Papillomavirus Infections” e “Mass Screening”. 660 estudos foram encontrados, 220 avaliados por resumo e 48 selecionados (172 excluídos segundo critérios). Os subtipos de HPV 16 e 18 apresentam maior relação com o aparecimento de lesões intraepiteliais cervicais de alto grau e câncer de colo uterino, representados pelos tipos espinocelular e adenocarcinoma, devido seu potencial carcinogênico. A vacinação contra o HPV, como prevenção primária, mostrou-se efetiva por meio de estudos que evidenciaram a redução de aproximadamente 60% nos casos de câncer e na mortalidade causada pelos subtipos mais patogênicos. Os programas de vacinação em vigor são direcionados para meninas e meninos na pré-puberdade antes do início da vida sexual, uma vez que a eficácia é maior em indivíduos não expostos ao HPV. Estratégias de rastreamento levam à redução da taxa de mortalidade e incidência de câncer cervical causado por HPV 16 e 18. O risco é significativamente menor quando previamente vacinadas. Os testes de triagem mais utilizados são citologia (teste de Papanicolau), inspeção visual após aplicação de ácido acético (IVA) e testes de detecção de HPV, inclusive auto-coletados. O DNA-HPV é mais eficaz no rastreamento primário do que a citologia, além de promover maior adesão das mulheres a continuidade ao rastreamento, sobretudo em regiões de acesso limitado ao rastreamento tradicional. A combinação do autoteste DNA-HPV e citologia ou com IVA mostrou aumento na sensibilidade e no valor preditivo negativo à detecção de lesões prémalignas, redução de custos e exames desnecessários e aprimoramento da estratificação de risco, o que possibilita maior segurança para estabelecimento do tempo de intervalo entre rastreios. O rastreio por citologia é recomendado, em geral, para mulheres de 21 a 65 anos de idade a cada 3 anos, porém alguns estudos sugerem a utilização de testes de HPV a cada 5 anos, outros mencionam a combinação destes para mulheres entre 30 e 65 anos. Diferentes métodos de rastreamento e prevenção, como a utilização de amostras de urina, genotipagem, RNAm-HPV, testes baseados no nível de expressão de biomarcadores e novas técnicas de citologia vêm sendo pesquisados e aprimorados. O teste baseado em urina apresentou grande satisfação na população e aumento da probabilidade de comparecimento em futuras consultas de rastreamento. A promoção de vacinação e rastreamento do HPV é, portanto, soberana considerando as altas taxas de sub-rastreamento devido a carência de acesso às estratégias preventivas, além de métodos eficazes que reduzem sobrediagnóstico e sobretratamento. Esse impacto prevê a eliminação de CCU em vários países subdesenvolvidos até o final do século.

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ISSN 2764-2135