USO INDISCRIMINADO DE ANTIBIÓTICOS NA ODONTOLOGIA: CONSEQUÊNCIAS E RECOMENDAÇÕES PARA UMA PRÁTICA CLÍNICA ADEQUADA

Kathleen Elizabeth Zimmer, Bruna Feron, Magda de Sousa Reis, Márcia Helena Wagner

Resumo


Os antibióticos, em geral, são prescritos em procedimentos odontológicos para prevenir e tratar infecções. A prevenção dessas patologias é obtida a partir da administração de profilaxia antibiótica previamente às intervenções, em situações específicas. Contudo, o uso terapêutico desses fármacos é considerado uma ferramenta auxiliar, pois a eliminação da causa deve ser priorizada. O emprego indevido e excessivo desses medicamentos pode causar sequelas graves ao ser humano e ao meio ambiente. Nesse contexto, o papel do cirurgião-dentista é essencial para prevenir esses resultados, pois constituem em uma das classes de profissionais da saúde com alta porcentagem de prescrição de antibióticos. Diante disso, o objetivo do trabalho é relacionar as consequências do uso inadequado de antibióticos em Odontologia, assim como apresentar as recomendações propostas para uma prática clínica correta. Essa revisão de literatura foi desenvolvida fundamentada em artigos científicos, publicados nos últimos 5 anos em bases de dados (Portal de Periódico da CAPES/MEC, PubMed, Scielo e Cochrane Library), e em livros do acervo da Biblioteca Central da Universidade de Santa Cruz do Sul. A busca pelo material bibliográfico se deu a partir dos seguintes descritores, em inglês: dentistry, drug resistance, bacterial e prescription drug overuse. Estudos apontam que grande parte das prescrições realizadas pelos dentistas é feita indevidamente. Estas ocorrem através da indicação desses fármacos em condições não recomendadas e da utilização de posologia inadequada. O uso indiscriminado de antibióticos pode provocar efeitos adversos ao organismo e contribuir para a resistência dos microrganismos a essas substâncias. Os primeiros estão relacionados à toxicidade, à reação de hipersensibilidade, a distúrbios dermatológicos e alérgicos, a problemas gástricos e hematológicos, ao desvio da microbiota bacteriana e à anafilaxia. Essas reações variam de leves e reversíveis a graves ou fatais. Atualmente, a resistência bacteriana, é considerada um problema de saúde pública em todo o mundo, sendo responsável por um aumento da morbidade e da mortalidade da população. Ela é definida como a capacidade de uma cepa bacteriana sobreviver frente à ação de um agente antimicrobiano, reduzindo, assim, a eficácia do fármaco. Dessa forma, a fim de minimizar os resultados negativos do uso impróprio de antibióticos, entidades públicas de saúde elaboraram um plano de ação, no qual buscam: conscientizar os profissionais de saúde e os pacientes a respeito da resistência microbiana; incentivar a realização de pesquisas sobre o tema; prevenir o surgimento de infecções; restabelecer o uso adequado dos antibióticos através da elaboração de diretrizes estruturadas por equipes multiprofissionais; e investir no desenvolvimento de novos medicamentos, de ferramentas de diagnóstico e de vacinas. Portanto, o manejo adequado destas substâncias deve ser priorizado com a finalidade de prevenir os desfechos negativos do uso incorreto delas, tais como efeitos adversos e resistência bacteriana. Sendo assim, os cirurgiões-dentistas não devem subestimar sua contribuição para essas situações, mas buscar alternativas para minimizá-las, como: prevenir a instalação de processos infecciosos; estabelecer um diagnóstico preciso previamente à prescrição; e selecionar, bem como prescrever, adequadamente os antibióticos, pelo menor tempo possível.

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ISSN 2764-2135