EXAME PREVENTIVO DE CÂNCER DE COLO DE ÚTERO EM MULHERES COM DEFICIÊNCIA: ACOLHIMENTO E ADESÃO!

Bárbara Catarine Berndt, Anelise Miritz Borges

Resumo


Introdução: o câncer de colo de útero é considerado o quarto tipo de câncer mais comum entre as mulheres brasileiras. O exame preventivo é recomendado para todas as mulheres que iniciam as atividades sexuais, mantendo a monitorização da investigação anualmente ou a cada dois anos. No entanto, a taxa de não adesão ainda é alta, em 2016, de 12% a 20% das brasileiras, com idades entre 25 a 64 anos não realizaram o exame, seja pela dificuldade de acesso e acolhimento enfrentado pelas mulheres, rigidez na agenda das equipes, ou pela falta de acolhimento às singularidades como a presença de deficiências. Objetivo: compreender a visão dos enfermeiros sobre o acolhimento e a adesão no exame preventivo de colo de útero, em mulheres com deficiência física, auditiva e/ou visual. Metodologia: pesquisa exploratória, descritiva e qualitativa direcionada aos enfermeiros que atuavam em Estratégia Saúde da Família (ESF) do município de Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul e que possuíssem mais de 10 usuárias com deficiência física, auditiva e/ou visual. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevista semiestruturada aplicada individualmente, gravada e transcrita pela pesquisadora e a análise dos dados foi apoiada em Bardin, com análise de conteúdo por temas. A pesquisa obteve aprovação favorável pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Santa Cruz do Sul e da Secretaria Municipal de Saúde. Principais resultados: participaram da pesquisa sete enfermeiros, dos quais a maioria referiu que o acolhimento é realizado de acordo com a deficiência e diante dela é feita a adaptação para que a usuária possa se sentir o mais confortável possível no momento da condução do exame preventivo. Portanto, acolher foi pautado como a oportunidade de conduzir o trabalho da melhor forma, diante da especificidade do caso, do contexto das usuárias e do serviço de saúde, respeitando a autonomia das mesmas. Em relação à usuária ser bem acolhida pela equipe na ESF, seis participantes revelaram que esta ação é conduzida com muita dedicação e escuta, pois é a base de uma assistência que busca a resolutividade com empatia. Apenas um participante expôs dificuldades em acolher este público na sua integralidade, fundamentando-se de que o alicerce para tal, estava na participação da família e, diante das limitações postas pelas deficiências, haviam prejuízos no processo comunicacional. A maioria dos participantes mencionou que as mulheres demonstraram satisfação após a realização da consulta, em que o exame papanicolau foi conduzido, evidenciando o efetivo diálogo e a interação entre o profissional e as usuárias, como fundamentais. Frente à adesão das mulheres quanto ao referido exame, a faixa etária dos 30 anos foi a que predominou, com idade mínima de 20 e máxima de 70 anos. Em decorrência da pandemia pela COVID 19, houve necessidade das equipes de ESF, investirem em busca ativa, pois nem todas as usuárias retornaram às consultas nas frequências previstas. Conclusões do trabalho: o êxito na assistência em saúde envolve o vínculo construído junto às usuárias, por conseguinte, o enfermeiro necessita aliar o conhecimento com a prática, ser organizado diante da conjuntura e oferecer atendimento humanizado às mulheres com deficiência, para assim, obter adesão no exame preventivo do câncer de colo uterino, viabilizando qualidade no cuidado prestado, a favor da manutenção da saúde do público em estudo.


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ISSN 2764-2135