INVESTIGAÇÃO DE BIOMARCADORES PRÓ-INFLAMATÓRIOS DE ACORDO COM O ÍNDICE DE MASSA CORPORAL COM ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO: TRIAGEM INDICATIVA PRÉ-CLÍNICA

Nikolas Mateus Pereira de Souza, Alexandre Rieger, Valeriano Antonio Corbellini, Débora Becker, Andreia Koche, Lucia Beatriz Fernandes da Silva Furtado

Resumo


INTRODUÇÃO: patologias de base possuem repercussões sistêmicas, sendo os biomarcadores pró-inflamatórios como proteína C-reativa (PCR), leptina e DNA livre de células (cfDNA) efetivos indicadores de alterações generalizadas e precoce. A espectroscopia no infravermelho com Transformada de Fourier (FT-IR) é capaz de analisar a energia vibracional de ligações químicas presentes na amostra, descrevendo-a integralmente. Conseguindo diferenciar pessoas teoricamente saudáveis pelos exames bioquímicos tradicionais, como possuindo alterações inflamatórias, FT-IR torna-se uma eficiente ferramenta de triagem escalável, eficiente e de baixo custo a nível de atenção primária de saúde. OBJETIVOS: investigar o comportamento de biomarcadores inflamatórios em relação ao IMC, a fim de obter informações pré-clínicas utilizando FT-IR com análise quimiométrica. METODOLOGIA: 75 amostras de pacientes considerados normais pelo hemograma foram coletadas em tubos com EDTA para obtenção do plasma por centrifugação (3500 rpm, 15 min). Estudo aprovado no CEP UNISC (4.278.678). Para análise do FT-IR, as alíquotas de plasma foram depositadas no cristal de leitura e desidratadas em corrente de ar (60-65ºC) por 1,5 min. As leituras foram realizadas em triplicata em espectrômetro Spectrum™ 400 FT-IR/FT-NIR – PerkinElmer no modo de refletância total atenuada (ATR-FTIR), na faixa de 650-4000 cm-1, com resolução espectral de 4 cm-1 e 4 pulsos de varredura. Para processamento inicial dos dados foi realizado Análise de Componentes Principais (PCA) nos dados de concentração do cfDNA, PCR (risco baixo, médio ou alto) e leptina, considerando o IMC como classe (normal, sobrepeso e obeso). Os dados foram autoescalados. Segundamente foi aplicado PCA nos dados espectrais gerados pelo FT-IR, normalizados pela amplitude entre 0 e 1 e centrados na média. Para verificar qual componente principal (PC) consegue diferenciar entre as categorias dos biomarcadores pró-inflamatórios, foi aplicado teste paramétrico (ANOVA) após verificada distribuição normal. Por último, obteve-se os loadings da PC3, responsável por diferenciar as categorias da PCR, considerando-a como a mais sensível do modelo. RESULTADOS: variância explicada por cada PC dos biomarcadores foi PC1 = 49,6, PC2 = 33,6 e PC3 = 16,6. Obteve-se boa separação gráfica (PC1xPC3) entre pacientes normais e sobrepesos, ficando estes na escala negativa da PC1 e obesos na escala final positiva. Essa separação deve-se, em parte, pela influência positiva dos biomarcadores pró-inflamatórios, com loadings da PC1 de 0,69 para PCR, 0,24 para cfDNA e 0,69 para leptina. Assim, foi verificado que todos pacientes obesos da pesquisa apresentavam risco alto para PCR (n=15). Na PCA dos dados espectrais, obteve-se variância de PC1 = 57,5, PC2 = 26,2 e PC3 = 9. A PC3 apresentou p=0,005 na ANOVA para as categorias PCR e ptukey = 0,004 no teste Post Hoc para diferenciar risco baixo de alto da PCR. Com os loadings da PC3, verificou quais variáveis espectrais tiveram maior peso na construção do modelo. Destaca-se o número de onda 1642 cm-1, situado na região de informações da amida I (1700-1600cm-1). CONCLUSÃO: FT-IR acoplado com técnicas quimiométricas demonstrou possibilidade de investigar de forma rápida, eficiente e pré-clínica pacientes com hemograma normal e IMC normal ou sobrepeso, como potencialmente possuindo alterações inflamatórias de forma precoce e que possivelmente poderão estar relacionadas com outras patologias que devem ser investigadas. 


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ISSN 2764-2135