AÇÃO PROTETORA DO HDL SUPERVISIONADO POR PARÂMETROS ANTROPOMÉTRICOS E LABORATORIAIS: ANÁLISE POR COMPONENTES PRINCIPAIS

Nikolas Mateus Pereira de Souza, Alexandre Rieger, Valeriano Antonio Corbellini, Débora Becker, Andreia Koche, Lucia Beatriz Fernandes da Silva Furtado

Resumo


INTRODUÇÃO: técnicas quimiométricas multivariadas, como Análise de Componentes Principais (PCA), permitem a redução de dimensionalidade dos dados. Desse modo, é possível correlacionar determinadas variáveis com desfechos protetores ou de risco, sendo uma eficaz ferramenta de avaliação inicial e orientação do manejo clínico. OBJETIVOS: analisar como diferentes concentrações de HDL afetam indiretamente os biomarcadores inflamatórios e o risco cardiovascular por PCA. METODOLOGIA: os resultados laboratoriais foram cedidos pelo laboratório parceiro. O estudo foi aprovado no CEP UNISC (parecer 4.278.678). Os parâmetros antropométricos incluidos no estudo foram altura, circunferência abdominal e IMC, enquanto os laboratoriais foram proteína C-reativa (PCR), concentração de DNA livre de células (cfDNA) obtido por fluorometria, leptina, glicose, colesterol, LDL, VLDL, triglicerídeos e demais parâmetros como Pressão Arterial Média (PAM) e idade. Os dados foram autoescalados. A PCA foi gerada considerando todas as variáveis citadas e como classe o tipo de dislipidemia presente entre os pacientes (normal, HDL baixo, hipertrigliceridemia isolada, hipercolesterolemia isolada ou hiperlipidemia mista). RESULTADOS: o gráfico da PCA (PC1xPC2), com variância na PC1 = 29,37 e PC2 = 16,91, demonstrou separação satisfatória entre as 5 classes de dislipidemia. Para a PC1, o HDL foi o único com loading negativo (-0,19364), indicando o vetor para o quadrante superior esquerdo e agrupando a maioria dos pacientes sem dislipidemia na escala negativa da PC1. Contrariamente, todas as outras variáveis tiveram loadings positivos, juntando principalmente hiperlipidemia mista e hipertrigliceridemia isolada do lado direito do gráfico. Outra importante observação foi a contribuição positiva (contrária a contribuição do HDL) dos biomarcadores pró-inflamatórios PCR, cfDNA e leptina na PC1, demonstrando que pacientes normais apresentam maiores concentrações de HDL e menor grau de inflamação. Expandindo a análise para parâmetros antropométricos, verifica-se que pacientes que ficaram do lado esquerdo do gráfico, principalmente por determinação do HDL, também apresentam menores valores de IMC, circunferência abdominal e PAM. Em relação a PC2, obteve-se separação principalmente de hipercolesterolemia na região positiva do eixo y do gráfico. Essa separação deve-se, em partes, a forte contribuição positiva dos loadings do colesterol (0,58), HDL (0,46) e LDL (0,54). Para verificar a relação direta entre HDL e dislipidemia, foi aplicado o teste paramétrico ANOVA posterior confirmação de normalidade dos dados.  O p obtido foi significativo (p<0.001). Para verificar entre quais classes haviam diferenças, foi usado o teste Post Hoc, com ptukey < 0,001 para diferenciar HDL baixo de hipercolesterolemia isolada; ptukey = 0.032 entre HDL baixo e hipertrigliceridemia isolada; ptukey < 0,001 entre normal e HDL baixo; ptukey = 0,007 entre hipercolesterolemia isolada e hipertrigliceridemia isolada e ptukey < 0,001 entre normal e hipertrigliceridemia isolada. CONCLUSÃO: indiretamente foi possível constatar a ação anti-inflamatória do HDL sob os biomarcadores PCR, cfDNA e leptina. Assim como fator potencialmente protetor para risco cardiovascular, devido sua relação inversa com IMC, circunferência abdominal, colesterol, LDL, VLDL, PAM, idade, glicose e triglicerídeos. Logo, essa ferramenta é eficaz para ser usada como triagem indicativa pré-clínica de avaliação de fatores protetores e riscos.


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ISSN 2764-2135