REPERCUSSÕES NEONATAIS DO USO ABUSIVO DE COCAÍNA E SÍFILIS GESTACIONAL: IMPLICAÇÕES PARA A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
Resumo
Introdução: Inúmeras são as situações que representam risco à saúde do neonato que devem ser investigadas durante o pré-natal como forma de identificação precoce para prevenção de repercussões neonatais desfavoráveis. Dentre elas cita-se o uso de drogas, especialmente a cocaína, e as infecções sexualmente transmissíveis e dentre estas, a sífilis. Visto que são situações que requerem olhar atento dos profissionais de saúde e preparo para o atendimento. O objetivo deste estudo foi identificar as principais repercussões perinatais decorrentes do uso de cocaína na gestação e da exposição a sífilis e as implicações na assistência dos profissionais de enfermagem. Metodologia: Trata-se de um estudo de revisão de literatura narrativo associado à um relato de experiência vivenciado na disciplina de Prática de Enfermagem em Saúde da Mulher II – Unidade Obstétrica, da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), realizado no período de agosto a dezembro de 2020. Resultados: O uso da cocaína está relacionado a diversas complicações, como descolamento prematuro da placenta, nascimento prematuro, arritmias cardíacas, displasia renal, perímetro cefálico reduzido ou anormal, baixo peso ao nascer e abstinência neonatal. A cocaína, normalmente inalada, chega rapidamente a corrente sanguínea, causando efeitos instantâneos, como euforia e perda de consciência quanto tempo e espaço, o que acaba expondo os indivíduos a situações de riscos, como relações sexuais desprotegidas, gestação e DST’s, como a sífilis. Transmitida por via sexual e vertical, a sífilis é uma doença infecciosa de nível sistêmico, que quando transmitida para o feto via placentária, denomina-se Sífilis Congênita (SC), que é a infecção pelo Treponema pallidum, podendo ocorrer em qualquer momento da gestação, podendo gerar consequências graves para o feto ou recém-nascido, como: aborto, óbito fetal e sequelas motoras, cognitivas, neurológicas, visuais e auditivas. Essa transmissão vertical via placenta pode ser evitada, desde que diagnosticada e tratada precocemente. Durante a disciplina de Prática de Enfermagem em Saúde da Mulher II – Unidade Obstétrica, pode-se vivenciar e acompanhar o primeiro dia pós-parto de uma paciente na segunda gestação, tabagista, dependente química, histórico de múltiplos parceiros sexuais e VDRL positivo. Gestação não planejada, companheiro a qual mantinha união estável era aprisionado há 5 anos. A mesma contava com apoio estrutural, financeiro e emocional dos seus pais para e/com o cuidado com suas filhas. O recém-nascido foi submetido à exames de radiografia dos ossos, exames laboratoriais e exames invasivos como punção lombar à fim de identificar uma possível complicação da SC, a neurossífilis, que é quando o Treponema invade o sistema nervoso. Conclusões: A adesão ao tratamento para sífilis e cessação do uso de drogas, torna os pré-natais que envolvem essas gestantes menos efetivos, devido a baixa procura pelos serviços de saúde. Portanto, o enfermeiro deve garantir que o pré-natal das gestantes dependentes químicas, seja seguido corretamente e de forma fortalecida, garantindo uma formação de vínculo com a paciente, de forma que se consiga minimizar os fatores de risco, em especial aquelas com sífilis. É importante que esses profissionais estejam capacitados para trabalhar e cuidar dessas pacientes de forma humanizada e baseada em conhecimentos científicos.
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ISSN 2764-2135