FAMÍLIAS COM CRIANÇAS EM FASE ESCOLAR NA PANDEMIA

Sarah Fernanda Etges da Rosa, Teresinha Eduardes Klafke

Resumo


A pandemia mundial do Coronavírus, conhecido como COVID-19, obrigou a implementação das medidas de distanciamento social, isolamento e quarentena, provocando o fechamento de escolas, universidades, empresas, comércio e áreas públicas. Os impactos políticos, econômicos, sociais e de saúde, as mudanças na rotina e organização familiar, podem despertar uma gama de rupturas, sentimentos negativos e, também, adaptações positivas. Através de oito entrevistas semiestruturadas e da análise de conteúdo, o presente estudo entende de que maneira a pandemia do COVID-19 afetou as famílias com crianças em fase escolar, entre sete e doze anos de idade. Assim, se construiu três categorias de análise e oito subcategorias, as três principais são: Mudanças durante a COVID-19, Saúde Mental e Adaptações ou a falta delas. Os resultados apontam para a identificação de estressores, como: separação e, ao mesmo tempo, o confinamento das famílias; o aprofundamento da insegurança laboral, com o teletrabalho, aumento da carga horária e perdas financeiras; a interrupção de rituais de luto; a modificação do lazer, adição de novos hobbies e exagero no uso das telas digitais; a inadequação do espaço doméstico e a sobrecarga e contradição entre os diferentes papéis desenvolvidos pelos responsáveis, com as mulheres sendo as mais afetadas. Os entrevistados apresentaram sentimentos de perda da liberdade, medo, preocupação, solidão, frustração, tédio, impotência, desamparo e confusão, com o excesso de informações e fake news. Incertezas quanto ao futuro, sensação de falta de pertencimento, conflitos familiares, estreitamento e quebra de vínculos caracterizam-se como fatores de risco à saúde mental. As crianças vivenciaram maior restrição da movimentação social, o processo de ensinar e aprender tornou-se desgastante, e verificou-se o aumento da irritabilidade e do peso, estresse e cansaço. Os pais tiveram de estar muito mais presentes e envolvidos no processo de aprendizagem dos filhos e as famílias lidaram com o ensino-aprendizado de formas diferentes. Rotinas foram estabelecidas e o nível de distanciamento social caiu com o passar do tempo. De caráter benéfico, as crianças se tornaram mais responsáveis; aconteceu um maior desenvolvimento emocional, espiritual e mental; cresceu a proximidade da família, entre pais e filhos e entre irmãos; aumentou-se divisão das tarefas domésticas, ampliou-se as capacidades tecnológicas, a valorização da escola, de antigas atividades e rotinas, do outro e do contato físico. Nesse campo de forças, as subjetividades estão se constituindo e a família, em constante busca por homeostase, segue um novo padrão organizado.


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ISSN 2764-2135