OBSERVATÓRIO DA EDUCAÇÃO DO CAMPO NO VALE DO RIO PARDO: UMA EXPERIÊNCIA DE PESQUISA AÇÃO-PARTICIPANTE

Resumo

O presente trabalho está vinculado ao projeto Educação, Trabalho e Emancipação: as experiências pedagógicas das Escolas Famílias Agrícolas do Vale do Rio Pardo – RS, que se caracteriza por ser uma pesquisa ação-participante. Assim, apresentamos algumas modificações no processo metodológico da experiência do Observatório da Educação do Campo do Vale do Rio Pardo e resultados parciais - ação da referida pesquisa. Trata-se de uma pesquisa quanti-qualitativa com participação dos sujeitos do campo, de modo que: a) Identificamos, organizamos e analisamos dados sobre: matrículas, turmas e docentes das escolas rurais dos 23 municípios que constituem a região estudada; b) Redefinimos as fontes de pesquisas para cada um dos eixos temáticos-analíticos, incluindo as políticas para educação e a sistematização de experiências de pesquisa e extensão voltadas para a educação do/no campo; e c)  formamos Grupos de Trabalhos para atender a diferentes demandas, como a de elaboração de mapas (socioeconômicos, naturais e educacionais), levantamento de políticas públicas sobre/para educação do campo, sistematização do estado do conhecimento sobre educação do/no campo e pedagogia da alternância e levantamento de dados educacionais do VRP. Estabelecemos as Sinopses Estatísticas da Educação Básica do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) como principal fonte para a caracterização inicial do contexto educacional da região. Como é possível observar, a descrição metodológica revela o movimento dialético entre a teoria e a prática de pesquisa e da observação realizada. A socialização das sistematizações das informações e de dados, bem como de análises realizadas pelos GTs ocorrem em reuniões semanais de Grupo de Pesquisa e em seminários da Rede de Observatórios das Educação do Campo/RS. É relevante destacar que o ObservaEduCampoVRP é composto por estudantes de graduação e pós-graduação, assim como, por educadores/as das EFAs, o que permite melhor avançar na análise qualitativa e no estabelecimento de relações com experiências educativas não escolarizadas da região. De acordo com o INEP, em 2019, o Vale do Rio Pardo contava com 195 escolas situadas na área rural,  sendo que tinha 1.378 docentes a elas vinculados. Quanto aos discentes, identificou-se 16.612 matrículas distribuídas em 1.198 turmas, entre todas as etapas e modalidades de ensino. Considerando a combinação de variáveis (escolas, docentes, matrículas e turmas) por etapas, destaca-se a Educação Infantil. De 198 turmas ativas nas escolas rurais, apenas 20 delas se constituem em creches. Por outro lado, pode-se observar que na pré-escola, em que há obrigatoriedade constitucional do ensino, identificou-se 178 turmas. Tal constatação sugere um confronto entre as políticas educacionais e a garantia do direito à educação das crianças em sua totalidade. Assim, quando analisamos o quadro de turmas em escolas rurais, por município da região, refletimos sobre a possibilidade da ausência e/ou falta de aplicação de políticas públicas voltadas para a Educação Infantil, em particular na creche. Identificamos também que há uma concentração maior de turmas no Ensino Fundamental Anos Iniciais e Finais, o que condiz com a nossa leitura de que as crianças que poderiam frequentar a creche não estão tendo acesso e/ou permanência. No entanto, tais análises são parciais e provisórias, pois há necessidade de seguir a análise relacionando aspectos sociais, econômicos e culturais da região.