PAPÉIS DE GÊNERO: A PERSPECTIVA DE ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA DE ENSINO MÉDIO DE SANTA CRUZ DO SUL - RS

Lucas Gomes Ribeiro, Maria Antônia Bombardelli Cereser, Stefanie Schmidt, Alice Kipper Fertig, Rafaela Luma da Silva Bettega, Alexandra Barbosa Mazoni, Gabriela da Luz Ceolin, Almerindo Antônio Boff, Kamilla Mueller Gabe, João Pedro Felkl Nascimento, Henrique Ziembowicz

Resumo


A partir do século XX, o termo “gênero” tem como finalidade demonstrar o caráter social das distinções de sexo. Portanto, o gênero se distingue do sexo, o qual é definido a partir da anatomia do corpo do ser humano. Nesse viés, o gênero está ligado aos aspectos biopsicossociais relacionados com o sexo, isto é, a função, o papel ou o comportamento esperado socialmente dos indivíduos, tendo como base seu sexo biológico. Dessa forma, por meio de uma pesquisa de campo desenvolvida por acadêmicos do curso de Medicina e Psicologia, membros da Liga Acadêmica de Psiquiatria do Curso de Medicina da UNISC, na cidade de Santa Cruz do Sul - RS, foi realizado um estudo de corte transversal, mediante levantamento de dados a partir da aplicação de um questionário aos estudantes do ensino médio, no período de agosto e setembro de 2017. Tal questionário englobava dados sobre idade, sexo e percepção a respeito de papéis de gênero, orientação sexual e estereótipos ligados ao gênero. Foi aplicado em adolescentes de 14 a 17 anos e cada lista de perguntas possuía dez questões com alternativas que foram classificadas em uma de quatro categorias conforme maior proximidade em relação aos estereótipos tradicionais ou não de papéis de gênero: fortemente tradicional, tradicional, não-tradicional, e fortemente não-tradicional. Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo demonstrar o modo que os adolescentes percebem as questões de estereótipos e papéis de gênero. Ao total, o questionário gerou 43 respostas entre sujeitos autodefinidos como homens heterossexuais (32,5%), mulheres heterossexuais (53,4%) e diferentemente destes (13,9%). Dentre as dez perguntas, seis delas apresentaram significância estatística (p-valor <0,05; IC 95%), as quais revelam associação entre as categorias de análise, rejeitando a possibilidade de resultado aleatório. Dentre as respostas obtidas, a tendência de homens heterossexuais (HH) serem percebidos, majoritariamente, no campo mais conservador foi presente, o que demonstra que novos paradigmas de identidade e papéis de gênero são produzidos e se produzem, perpetuam-se e são perpetuados de maneira gradual e desigual entre os indivíduos. Corroborando com o exemplo, a taxa de afirmação na questão de número 4 (“Você sabe o que significa papéis de gênero?”) demonstra uma possível desigualdade entre o conhecimento a respeito dos papéis de gênero, sendo que 87% das mulheres heterossexuais (MH) responderam afirmativamente, enquanto que este valor baixou para 78,6% quanto às respostas dos HH. A análise estatística dos dados resultantes possibilitou compreender de que forma a temática dos papéis de gênero constitui e atravessa a adolescência, observando uma majoritária transição de ideias conservadoras para ideias não tradicionais no público feminino (95,7% das respostas classificadas como de perfil não tradicional), ao passo que o grupo dos HH, por sua vez, ainda se apresenta dentro de um perfil conservador. Isto, então, destaca a necessidade de elaboração de estratégias que viabilizem reflexões e discussões entre os adolescentes, em uma abordagem horizontal, colaborativa e dinâmica, a fim de promover uma transição de ideias não tradicionais em um plano generalizado.

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ISSN 2764-2135