INDEPENDÊNCIA E AUTONOMIA DE IDOSOS NO CONTEXTO DA PANDEMIA DA COVID-19

Bernardo Reckziegel Bohn, Silvia Virginia Coutinho Areosa, Alexandra Barbosa Mazoni, Isadora Machado Amaral, Theo de Lima Goes, Mari Ângela Gaedke, Eduarda Corrêa Lasta, Jéssica da Rocha Pedroso, Ana Paula Dellbrügger, Miriam Cabrera Corvelo Delboni

Resumo


A velhice enquanto fase da vida, tem como um de seus principais pontos de tensão a possível redução nas capacidades de independência e autonomia. Ocorre, muitas vezes, por limitações impostas pelo avançar da idade, mas outras tantas, por fatores externos, de cunho social e familiar. Além disso, em um contexto de pandemia como o que vivemos, o contato presencial foi limitado por medidas que visam conter o avanço da COVID-19. Tal fato dificultou o deslocamento das pessoas, e causou mais dependência a uma população majoritariamente analógica e que não possui, na maioria das vezes, o domínio das tecnologias de informação e comunicação que permitem a manutenção das relações interpessoais em tempos de distanciamento social. Partindo desse pressuposto, este trabalho buscou analisar os conceitos de independência e autonomia, com enfoque na população idosa e traçar paralelos entre o período pré-pandemia e o momento atual. A análise empreendida se apoia tanto em busca de referenciais teóricos da área quanto nos resultados obtidos na primeira fase do projeto emergencial “Telecuidado à pessoa idosa” realizado pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Envelhecimento e Cidadania (GEPEC) da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). Essa primeira etapa consistiu na entrevista de acolhimento a mais de 600 pessoas idosas residentes em Santa Cruz do Sul através de ligações telefônicas realizadas por membros do GEPEC, com as informações registradas posteriormente em um formulário da plataforma Google Forms. As pessoas entrevistadas foram majoritariamente do sexo feminino (77,02%) e 23,8% relataram residir sozinhas em suas residências. Em relação ao estado civil, a maioria era casada (60,17%), 38,84% representam pessoas solteiras, divorciadas ou viúvas. Já no contexto de saúde, 73,22% afirmaram possuir alguma doença crônica, e 71,9% dos idosos participantes demandam alguma medicação de uso contínuo. Sobre esta última pergunta, ao serem questionados sobre como obtinham tais medicamentos, muitos relataram depender de outras pessoas para terem acesso a eles, visto que a orientação era ficar em isolamento. Tendo em vista que o tema da inclusão digital da população idosa ainda é pouco incentivado e, no contexto atual, poderia representar um auxílio importante, discussões como a proposta por este trabalho são prementes (SEIFERT; COTTEN; XIE, 2020). Ademais, faz-se importante ressaltar que o projeto de Telecuidado segue ativo, com uma segunda fase já realizada e com uma terceira em andamento, a qual se espera proporcione dados ainda mais robustos referentes às temáticas aqui abordadas. Por fim, apesar de autonomia e independência representarem diferentes esferas e condições da qualidade de vida de um indivíduo, mais especificamente da população idosa, ambas são afetadas em um contexto onde o isolamento foi recomendado a um grupo que habitualmente já se encontra mais afastado do convívio social. Tarefas como compras e busca por medicamentos, ou mesmo atividades de lazer como receber amigos ficaram muito limitadas, sujeitando alguns indivíduos ativos e inserindo outros tantos, que ainda conseguiam manter um estado funcional, a circunstâncias de dependência. 


Referências:

SEIFERT, A., et al. 2020, DOI: 10.1093/geronb/gbaa098



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ISSN 2764-2135