EDUCAÇÃO EM MOVIMENTO: UMA ANÁLISE DA PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NOS RELATÓRIOS ANUAIS DE ATIVIDADES DA EFASC (2010-2020)

Maria Dora Waechter Lima, Eduarda Thaís dos Santos, Bruna Caroline Borges, Cheron Zanini Moretti

Resumo


Este estudo apresenta um recorte do projeto de pesquisa Educação, Trabalho e Emancipação: as experiências pedagógicas das Escolas Famílias Agrícolas do Vale do Rio Pardo – RS e tem como finalidade analisar de maneira quali-quantitativa a participação das mulheres na Escola Família Agrícola de Santa Cruz (EFASC), a partir da inclusão da pauta de gênero nos relatórios anuais de atividades realizadas pela escola. A EFASC é uma escola de Ensino Médio e Técnico em Agricultura, situada em Santa Cruz do Sul, fundada em 2009, e que utiliza a metodologia da Pedagogia da Alternância - isto é, busca integrar os conhecimentos construídos em sala de aula com as vivências experienciadas no cotidiano dos/das educandos/as -, dando ênfase à simultaneidade na construção do conhecimento, valorizando os saberes da experiência feitos e relacionando com os científicos. Para isso, os/as jovens realizam atividades na escola durante uma semana, em regime de semi-internato, e em outra, em suas casas, junto à família, oportunizando uma educação em constante movimento entre diferentes espaços-tempos educacionais. A metodologia adotada neste estudo tem como fonte de pesquisa os relatórios anuais de atividades realizadas pela EFASC, de 2010 a 2020, constituindo um corpus de investigação que também contribui para com os estudos vinculados ao Observatório de Educação do Campo do Vale do Rio Pardo (Observa EduCampo VRP). O referido Observatório busca, a partir de uma análise crítica, compreender a realidade educacional da região e a incidência das Escolas Famílias Agrícolas nas mais diferenciadas dimensões da vida. A partir das análises dos relatórios elaborados pela EFASC, identificamos que a questão de gênero passa a ser uma preocupação a partir do ano 2015. Pela primeira vez, divulgou-se um levantamento de estudantes por gênero. De um total de 151 egressos, 122 eram homens (80,7%) e apenas 29 (19,2%) mulheres. Já no relatório apresentado no ano de 2016, referente às turmas de 2017, foram registradas o número de 20 (20,21%) educandas, enquanto o número de educandos foi de 96 (79,76%). No relatório de 2016, também foi possível analisar a diferença de gênero no número de participação na gestão de 2016 a 2018 da Associação Gaúcha Pró-Escolas Famílias Agrícolas (AGEFA), mantenedora da EFASC, dentre 14 membros, apenas 2 eram do gênero feminino.  No ano de 2018, a participação feminina aumentou em 3%; e, em 2019, 7% quando comparado com 2016. No entanto, no relatório do ano de 2020, foi apresentado os números de egressos dos 11 anos de existência da EFASC, sendo que dos 254 egressos/as, 54 (21, 26%) são mulheres  e 200 (78,74%) homens. Assim, compreendemos que, apesar de o número de estudantes do gênero feminino ter aumentado durante os anos, ainda que minoria se comparado ao gênero masculino. Contudo, a partir do ano em que o gênero foi inserido como pauta nos relatórios, houve um aumento significativo de matrículas de meninas, bem como a discussão de temáticas, como: agroecologia, saberes populares e emancipação das mulheres. E, uma menção honrosa recebida pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura pelas histórias de jovens mulheres rurais. Concluímos que o conhecimento técnico contextualizado ofertado pela EFASC possibilita que as mulheres mantenham algum vínculo com o campo, bem como colocam a sua educação em movimento. 



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ISSN 2764-2135