REVERBERAÇÕES DA PANDEMIA DA COVID 19 NA ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE
Resumo
INTRODUÇAO: A Atenção Primária à Saúde (APS) é a porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS) e relaciona os diferentes fluxos de serviços dentro da rede de saúde, garantindo a promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e vigilância da população, de acordo com os princípios de universalidade, equidade e integralidade do SUS, promovendo uma maior conexão entre a população e os profissionais. No entanto, a partir de 2020, a pandemia da COVID-19 foi um obstáculo para a garantia de acesso à saúde a todos os indivíduos, impondo a necessidade de uma reorganização dos serviços para atender as demandas urgentes e ainda acompanhar os indivíduos que já eram usuários do sistema e foram, de certo modo, deixados em segundo plano neste período. OBJETIVO: Identificar as áreas de atendimento mais afetadas pela pandemia do Coronavírus nos serviços prestados nas Estratégias de Saúde da Família (ESF’s) e 6 Unidades Básicas de Saúde (UBS’s). METODOLOGIA: Os dados são oriundos de um estudo de abordagem quali-quantitativa, exploratória e descritiva. A pesquisa foi realizada em 22 ESF’s e 6 UBS’s, no segundo semestre de 2021, na cidade de Santa Cruz do Sul, por meio de entrevistas estruturadas com profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, agentes de saúde, dentistas e auxiliares de dentista), o que resultou em um total de 97 participantes. RESULTADOS: A partir das respostas obtidas pelas entrevistas, os resultados foram organizados em 14 categorias, sendo elas: puericultura, pré-natal, clínica, geriatria, odontologia, saúde mental, doenças crônicas, atividades coletivas, prevenção, cirurgia, ginecologia, acolhimento, visita domiciliar e exame de espirometria. Diante disso, analisou-se que as áreas mais prejudicadas são puericultura, geriatria e pré-natal. Entretanto, apesar da maior frequência de respostas, a categoria “clínica” é conceituada como uma área ampla, impossibilitando uma análise específica e eficaz. CONCLUSÕES: A pandemia foi responsável por provocar mudanças significativas na estrutura de saúde. Isso se deu a partir da diminuição, ou até da interrupção, dos atendimentos. Entre os principais eixos afetados está a puericultura, em que as mães deixaram de levar seus filhos às consultas periódicas, o que favoreceu a diminuição da cobertura vacinal, o diagnóstico tardio de doenças, e a falta de orientação nutricional. O pré-natal também foi prejudicado, pois as gestantes tiveram receio em comparecer aos atendimentos, o que ampliou o número doenças transmitidas verticalmente. Outro grupo afetado foram os idosos, que se mantiveram em casa por pertencer ao grupo de risco, ocasionando a descompensação de doenças crônicas, prevalentes nessa faixa etária, além de interferir na saúde mental por não conviverem com seus familiares ou participar de eventos coletivos nas próprias ESFs devido ao distanciamento social. Dessa forma, é essencial que os profissionais de saúde compreendam os impactos da pandemia e sejam agentes ativos no resgate desses usuários.
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ISSN 2764-2135