SÍFILIS CONGÊNITA: UM INDICADOR DE QUALIDADE NA ASSISTÊNCIA PERINATAL

Resumo

Introdução: A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum de diagnóstico e tratamento fácil e de baixo custo. A sífilis congênita (SC), que é transmitida de forma transplacentária, é uma das principais causas de abortamento, óbito fetal, natimortalidade, baixo peso ao nascer, prematuridade e malformações congênitas. Entre os fatores de risco que contribuem para que a prevalência de SC se mantenha estão o baixo nível socioeconômico, a baixa escolaridade e, sobretudo, a falta de adequada assistência pré-natal. Objetivos: Relacionar os casos de sífilis congênita com a realização ou não de acompanhamento pré-natal no estado do Rio Grande do Sul nos anos de 2020 e 2021. Metodologia: Trata-se de um estudo epidemiológico e descritivo realizado com dados do SUS, disponibilizados pelo DATASUS correspondentes ao período de 2020 e 2021 no Rio Grande do Sul desenvolvido na disciplina de Informática Aplicada à Medicina. Principais resultados: No ano de 2020 houve 1.730 casos registrados de sífilis congênita, sendo que 224 (12,9%) não realizaram pré-natal, 1.416 (81,8%) realizaram pré-natal e 90 (52%) foi ignorado ou branco. No ano de 2021 houve 841 casos registrados de sífilis congênita, sendo que 103 (12,2%) não realizaram pré-natal, 661 (78,59%) realizaram pré-natal e 77 (9,1%) foi ignorado ou branco. Discussão: A porcentagem de casos registrados de sífilis congênita em que foi realizado pré-natal se manteve parecida em ambos os anos. A constatação de uma maior porcentagem de neonatos infectados com sífilis congênita com a presença de acompanhamento pré-natal em comparação aos que não efetuaram esse acompanhamento está relacionada à má qualidade da assistência pré-natal ofertada às mulheres, devendo ser questionado o seu aspecto qualitativo, a fim de se reduzir a transmissão vertical da doença. Conclusão: Os achados obtidos no DATASUS, reafirmam a importância da utilização das taxas de sífilis congênita como indicador de qualidade da assistência perinatal, visto esta doença ser totalmente evitável por meio da assistência pré-natal. A qualidade da assistência à gestação e parto é um importante determinante na redução das taxas de transmissão da sífilis, e o controle da doença tem como fundamento a triagem sorológica e o tratamento adequado de gestantes e parceiros. Indiscutivelmente, a despeito das iniciativas para erradicá-la, a sífilis congênita ainda persiste no RS e a má qualidade do pré-natal tem um papel significativo nisso.