FATORES PSICOEMOCIONAIS E FADIGA EM PACIENTES SOBREVIVENTES DA COVID-19: UM ANO DE SEGUIMENTO
Resumo
Introdução: A COVID-19 é uma doença infecciosa, multissintomática e multissistêmica que pode apresentar sequelas e sintomas persistentes mesmo após a fase aguda da infecção, com destaque para a fadiga caracterizada como cansaço extremo e dificuldade em realizar as atividades cotidianas. A ansiedade/depressão e o transtorno de estresse pós-evento também foram elencados como alguns dos sintomas que podem persistir por até mais de um ano após a infecção, necessitando de tratamento prolongado. Objetivo: Avaliar a persistência da fadiga e dos sintomas psicoemocionais em sobreviventes da COVID-19 um ano após a infecção. Métodos: Estudo longitudinal, com amostragem de conveniência, incluiu pacientes de ambos os sexos do Laboratório de Reabilitação Cardiorrespiratória (LARECARE). Foram excluídos os pacientes com déficit cognitivo, com diagnóstico de desordens psíquicas prévias a COVID-19 e alterações neurológicas. Foi realizada uma avaliação multidimensional (AM) em dois momentos: 1ªAM, na chegada ao LARECARE (após o período de infecção); 2ªAM, um ano após a primeira avaliação. Variáveis analisadas: clínicas e antropométricas (idade, sexo, índice de massa corporal-IMC); fadiga (Escala de Identificação e Consequências da Fadiga-EICF), fatores psicoemocionais [Escala de Impacto pós-evento (IES-R), ansiedade e depressão pelo Inventário de Ansiedade de Beck (BAI) e Inventário de Depressão de Beck (BDI)]. Análises estatísticas foram realizadas em programa específico conforme a distribuição de normalidade das variáveis e considerou-se significativo p=0,05; o delta de variação foi calculado entre a 1ª e 2ªAM (?). Resultados: Até o momento foram avaliados neste seguimento 13 pacientes, 7 homens, idade 59,5±10,7 anos, IMC 1ªAM 28,2±3,8 kg/m2 e 2ªAM 29,3±4,3 kg/m2. Na fadiga encontramos melhora significativa no impacto da fadiga (1ª EICF=52,1±14,4 vs 2º EICF= 22,4±9,0 p=0,002; ?EICF= 10,2 pontos) e impacto nas atividades de vida diária (1ª EICF=57,3±22,7 vs 2º EICF= 6,8±10,6, p=0,002; ?EICF=-50 pontos). Os fatores psicoemocionais também apresentaram melhora significativa na 2ªAM: (1º IES-R=3,0±1,9 vs 2ª IES-R=0,8±1,1, p=0,003; ?IES-R=-2); IES-R_evitação (1º IES-R=1,2±0,7 vs 2ª IES-R= 0,3±0,4, p= 0,001; ?IES-R=-2); ansiedade (1ºBAI= 9,15±5,3 vs 2ªBAI= 3,3±3,8, p= 0,003; BAI=-5,7) e depressão(1ºBDI=9,5±5,0 vs 2ªBDI= 2,3±2,1 p=0,000; ?BDI=-7,2). Associações encontradas: 1ªAM [BAI com EICF_sumarizado_sensações (r=0,562, p=0,046), BAI com EICF_impactos_concentração (r=0,905, p=0,000); BAI com IES-R_total (r=0,588, p=0,035); BDI com EICF_sumarizado_impacto (r=0,645, p=0,017); BDI com IES_total (r=0,656, p=0,015)]; 2ªAM [BAI com EICF_sumarizado_sensações (r=0,562, p=0,046); BAI com EICF_impacto_concentração (r=0,905, p=0,000); BAI com IES-R total (r=0,588, p=0,035); BDI com EICF_sumarizado_impacto (r=0,645, p=0,017); BDI com IES-R_total (r=0,656, p=0,015); ?BDI vs ?EICF_Impacto (r=0,577, p=0,047). Conclusão: Após um ano de seguimento dos pacientes sobreviventes da COVID-19 encontramos melhora significativa da fadiga e dos sintomas psicoemocionais. Entretanto, a ansiedade e a depressão ainda se relacionam com a concentração, impacto e sensação de fadiga, bem como estresse pós-evento.
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ISSN 2764-2135