IMPACTO DA REABILITAÇÃO FÍSICA SOBRE A CAPACIDADE FÍSICA, FUNCIONAL E RISCO DE MORTE EM PACIENTES SOBREVIVENTES DA COVID-19

Luana dos Passos Vieira, Helena Amelia Rachor, Luiza Scheffer Dias, Cecilia Vieira Prestes, Andréa Lúcia Gonçalves da Silva

Resumo


Introdução: Pacientes com COVID-19 podem apresentar limitações funcionais durante a fase aguda da doença, que podem se perpetuar após sua cura, como fadiga, deficiências físicas e sequelas cardiovasculares. Com isso, essas limitações devem ser investigadas também na reabilitação, na fase de convalescença. Objetivo: Avaliar a capacidade física funcional e risco de morte de pacientes sobreviventes da COVID-19 submetidos a um Programa de Reabilitação Física (PRF). Métodos: Estudo de casos, amostragem de conveniência, incluiu pacientes de ambos os sexos que buscaram o Laboratório de Reabilitação Cardiorrespiratória-LARECARE para tratamento das sequelas da COVID-19 e consentiram formalmente participar da pesquisa. Foram excluídos pacientes com déficit cognitivo ou com problemas ortopédicos/traumatológicos que impedissem a realização dos testes e/ou que declinaram no estudo ao longo do tempo. PRF foi constituída de exercícios respiratórios de reexpansão pulmonar, fortalecimento muscular com cargas individualizadas, treinamento aeróbio em cicloergômetro e esteira com tempo e carga previamente definidas conforme avaliação fisioterapêutica, frequência de 2x/semana com duração de 12 semanas. Variáveis analisadas pré e pós PRF: clínicas (idade, sexo, índice de massa corporal-IMC, tempo de internação-TI, perda de peso durante a infecção, % de acometimento pulmonar pela tomografia computadorizada; consumo estimado de oxigênio-VO2est. e aptidão cardiorrespiratória (questionário Duke Activity Status Index); força muscular periférica e qualidade muscular (Dinapenia=força de preensão palmar-FPP:<30Kgf para homens e <20Kgf para mulheres); capacidade funcional (Teste do Degrau de Seis minutos-TD6m); retomada vagal [delta de variação entre Frequência Cardíaca-FC de pico e 1º minuto de recuperação do TD6m (FCR1= FCpico - FCrec1)] e preditor de mortalidade FCR1=12 bpm. O TD6m foi realizado com degrau de 20 cm de altura, os pacientes foram orientados a subir e descer a plataforma durante 6 minutos, em cadência livre. A análise estatística foi realizada no programa SPSS versão 25.0 considerando significativo p=0,05. Resultados: Foram avaliados 18 pacientes, 12 homens, idade 52,4±6,1 anos, IMC=28,8±4,5 kg/m2, 7 pacientes com = 50% de acometimento pulmonar, TI=8 dias, perda de peso durante a infecção 8,2 Kg. Pré-PRF: aptidão cardiorrespiratória muito fraca (VO2est.=17,2±5,7 Kg-1), 11 apresentavam dinapenia, TD6m= 93,3±41,0 degraus e a FCR1=21,2±11,0 bpm onde a retomada vagal aconteceu em 14 pacientes (>12 bpm) e 4 apresentavam risco de morte (=12 bpm). Pós-PRF observou-se melhora significativa: capacidade funcional (TD6m=93,3±41,0 vs 140,6±36,2 degraus p<0,01; VO2est.=17,2±5,7 Kg-1 vs 27,8±4,3 Kg-1, p<0,01; FCR1= 21,2±11,0 vs 25,7±14,8  p<0,01; FPP= 26,5±10,6 vs 31,8±12,5 p<0,01). Ainda, pós-PRF 5 pacientes permaneceram com dinapenia. Associações encontradas pré-PRF: VO2est. com Nº de degraus (r=0,896 p<0,001), com FCR1(r=0,530 p=0,024), com FPP (r=0,567 p=0,014); FPP com Nº de degraus (r=0,530 p=0,024), com FCR1 (r=0,503 p=0,033); pós-PRF: FPP com Nº de degraus (r=0,651p<0,001), com FCR1 (r=0,658 p<0,001), Nº de degraus e FCR1 (r=0,550 p=0,018).Conclusão: Os pacientes que buscaram LARECARE, apresentaram melhora significativa em suas condições físicas e funcionais  após  PRF. O ganho de força muscular pós PRF esteve associado com a melhora da capacidade física e da resposta cardíaca, com menor risco de morte por evento cardiovascular. 



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ISSN 2764-2135