APLICAÇÃO DA ESPECTROSCOPIA FTIR EM PLASMA SANGUÍNEO PARA IDENTIFICAR PACIENTES COM SÍNDROME METABÓLICA

Nikolas Mateus Pereira de Souza, Brenda Hunter Machado, Andreia Koche, Lucia Beatriz Fernandes da Silva Furtado, Débora Becker, Valeriano Antonio Corbellini, Alexandre Rieger

Resumo


Introdução: A síndrome metabólica (SM) é uma rede complexa de distúrbios (hiperglicemia, hipertensão e dislipidemia que estão comumente associados ao acúmulo de gordura central) que se condensam em fatores de risco para doença cardiovascular aterosclerótica. Considerando a repercussão sistêmica da SM, a espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) é uma técnica analítica altamente sensível capaz de detectar esta repercussão através do espectro vibracional das biomoléculas. Assim, quando aplicada em biofluídos sensíveis a mudanças bioquímicas sistêmicas (como o plasma sanguíneo), é possível discriminar patologias e quantificar analitos de interesse. A vantagem da utilização da espectroscopia FTIR decorre da sua simplicidade, baixo custo e da não necessidade de reagentes ou manipulação da amostra. Objetivos: Discriminar pacientes controle daqueles com SM através da espectroscopia FTIR. Metodologia: Amostras de sangue de 74 indivíduos foram coletadas por venopunção e armazenadas em tubos com anticoagulante EDTA K3. O plasma sanguíneo foi obtido por centrifugação a 1.500 g e diluído na razão 1:10. Os espectros FTIR foram obtidos em triplicata pelo espectrômetro Spectrum 400 FTIR/FT-NIR (PerkinElmer, Massachusetts, USA) acoplado com o acessório universal de reflectância total atenuada (UATR). As amostras (3µL) foram depositadas no cristal UATR-ZnSe e desidratadas por 1,5 min em corrente de ar (60-65 ºC). As configurações instrumentais foram: 4 varreduras por amostra com resolução espectral de 4 cm-1 no intervalo de 4000-650 cm-1. A modelagem quimiométrica supervisionada para discriminar os pacientes foi realizada com o algoritmo de análise discriminante por mínimos quadrados parciais na versão com correção ortogonal de sinal (OPLS-DA) com 1 variável latente (93,4% da variância) no software Pirouette 4.0 (Infometrix, Washington, USA). Os tratamentos aplicados foram: normalização mín-máx (0-1), 1ª derivada pelo algoritmo de Savitzky-Golay (polinômio de 2ª ordem com janela de 5 pontos) e correção ortogonal de sinal (OSC). A validação do modelo foi realizada pelo método de validação-cruzada leave-one-out. Resultados: Foi obtido 100% de sensibilidade e especificidade no modelo OPLS-DA, com erro quadrático médio da validação-cruzada (RMSECV) < 0,002 e coeficiente de determinação (R2) > 0,9999. Nos loadings do modelo, as duas regiões espectrais de maior peso foram a amida I (1720-1600 cm-1, ?(C=O)) e amida II (1570-1480 cm-1, d(N-H) + ?(C-H)). Conclusão: A espectroscopia FTIR associada com modelagem quimiométrica multivariada foi capaz de discriminar com 100% de acurácia pacientes com SM.

Palavras-chaves: espectroscopia no infravermelho, síndrome metabólica, quimiometria, análise discriminante por mínimos quadrados parciais


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ISSN 2764-2135