VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA MULHERES NA RELAÇÃO CONJUGAL E SEUS EFEITOS NA AUTOESTIMA

KARINE CARDOSO RIGO, LUÍS SÉRGIO SARDINHA, VALDIR DE AQUINO LEMOS

Resumo


Ao longo da história as mulheres tiveram seus papéis sociais estabelecidos culturalmente e, por muito tempo, enfrentaram desafios que restringiam sua liberdade e direitos. Nas relações conjugais, a figura feminina passou a ser o alvo mais frequente de agressões de diferentes naturezas, inclusive as advindas da violência psicológica, tendo sido esse cenário influenciado historicamente pela desigualdade de gênero. O objetivo deste trabalho foi descrever e discutir os impactos causados na autoestima de mulheres vítimas de violência psicológica em sua relação conjugal. Para isso, foi utilizado o método de pesquisa bibliográfica, sustentado por materiais extraídos das plataformas SciELO Brasil, Pepsic, Google Acadêmico e bibliotecas virtuais e a busca de informações foi realizada por meio dos termos autoestima, violência psicológica, relação conjugal e mulheres violentadas. Foram utilizados 90 artigos científicos, 25 livros, um texto de lei, um site institucional e seis dissertações, teses ou monografias, totalizando assim, 123 obras publicadas entre 1988 e 2021, todas em língua portuguesa. Os principais resultados demonstraram que as mulheres que sofrem violência psicológica possuem a percepção de si alterada, influenciando na queda de sua autoestima, por estas acreditarem que possuem pouco valor, além disso, por diversas vezes elas passam a considerar que as ofensas e insultos proferidos pelo agressor são verdadeiros, fato que propicia a aparição de sentimento de culpa, insegurança, inadequação e medo. Em uma relação conjugal onde se idealiza o respeito e a compaixão, atitudes como a humilhação e a ameaça, presentes na prática da violência psicológica, tornam-se fatores desencadeadores de abalos na autoestima. Foi ressaltado ainda que os sentimentos que as pessoas possuem acerca de si, afetam diretamente seu bem-estar e diversas outras esferas relacionais de suas vidas. Com base nas discussões, observou-se que a violência praticada pelo parceiro íntimo é a forma mais comum de violência contra a mulher, ou seja, o agressor frequente da violência psicológica são cônjuges ou ex-cônjuges, sendo que o ambiente mais comum para a prática das agressões que envolvem chantagens e ridicularização é a própria residência da vítima. Como conclusão, se entende que a agressividade presente nas relações conjugais se relaciona com o processo de naturalização das posições antagônicas ocupadas por homens e mulheres, que pressupõe a dominação masculina, nesse âmbito, as mulheres, nas relações afetivo-eróticas, passam a ser atingidas por ações como indiferença, humilhação, constrangimento, chantagem e menosprezo. Também foi apontada a importância da instauração de políticas públicas e legislações efetivas para o combate da violência e responsabilização do agressor, além de pontuada a relevância do conhecimento concreto sobre o fenômeno da violência psicológica para que prejulgamentos sociais possam ceder espaço a ações de acolhimento e para que haja uma maior facilidade na identificação da ocorrência, já que essa prática ocorre e se desdobra silenciosamente nos lares e muitas vezes não são tornadas públicas pelo receio da denúncia, uma vez que, com a prática da violência, a mulher se sente vulnerável e tende a se retrair, o que a aprisiona em um ciclo de violência.

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ISSN 2764-2135