VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA MULHERES NA RELAÇÃO CONJUGAL E SEUS EFEITOS NA AUTOESTIMA
Resumo
Ao longo da história as mulheres tiveram seus papéis sociais estabelecidos culturalmente e, por muito tempo, enfrentaram desafios que restringiam sua liberdade e direitos. Nas relações conjugais, a figura feminina passou a ser o alvo mais frequente de agressões de diferentes naturezas, inclusive as advindas da violência psicológica, tendo sido esse cenário influenciado historicamente pela desigualdade de gênero. O objetivo deste trabalho foi descrever e discutir os impactos causados na autoestima de mulheres vítimas de violência psicológica em sua relação conjugal. Para isso, foi utilizado o método de pesquisa bibliográfica, sustentado por materiais extraídos das plataformas SciELO Brasil, Pepsic, Google Acadêmico e bibliotecas virtuais e a busca de informações foi realizada por meio dos termos autoestima, violência psicológica, relação conjugal e mulheres violentadas. Foram utilizados 90 artigos científicos, 25 livros, um texto de lei, um site institucional e seis dissertações, teses ou monografias, totalizando assim, 123 obras publicadas entre 1988 e 2021, todas em língua portuguesa. Os principais resultados demonstraram que as mulheres que sofrem violência psicológica possuem a percepção de si alterada, influenciando na queda de sua autoestima, por estas acreditarem que possuem pouco valor, além disso, por diversas vezes elas passam a considerar que as ofensas e insultos proferidos pelo agressor são verdadeiros, fato que propicia a aparição de sentimento de culpa, insegurança, inadequação e medo. Em uma relação conjugal onde se idealiza o respeito e a compaixão, atitudes como a humilhação e a ameaça, presentes na prática da violência psicológica, tornam-se fatores desencadeadores de abalos na autoestima. Foi ressaltado ainda que os sentimentos que as pessoas possuem acerca de si, afetam diretamente seu bem-estar e diversas outras esferas relacionais de suas vidas. Com base nas discussões, observou-se que a violência praticada pelo parceiro íntimo é a forma mais comum de violência contra a mulher, ou seja, o agressor frequente da violência psicológica são cônjuges ou ex-cônjuges, sendo que o ambiente mais comum para a prática das agressões que envolvem chantagens e ridicularização é a própria residência da vítima. Como conclusão, se entende que a agressividade presente nas relações conjugais se relaciona com o processo de naturalização das posições antagônicas ocupadas por homens e mulheres, que pressupõe a dominação masculina, nesse âmbito, as mulheres, nas relações afetivo-eróticas, passam a ser atingidas por ações como indiferença, humilhação, constrangimento, chantagem e menosprezo. Também foi apontada a importância da instauração de políticas públicas e legislações efetivas para o combate da violência e responsabilização do agressor, além de pontuada a relevância do conhecimento concreto sobre o fenômeno da violência psicológica para que prejulgamentos sociais possam ceder espaço a ações de acolhimento e para que haja uma maior facilidade na identificação da ocorrência, já que essa prática ocorre e se desdobra silenciosamente nos lares e muitas vezes não são tornadas públicas pelo receio da denúncia, uma vez que, com a prática da violência, a mulher se sente vulnerável e tende a se retrair, o que a aprisiona em um ciclo de violência.
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ISSN 2764-2135