HÁ RELAÇÃO ENTRE A COMBINAÇÃO ENTRE ÍNDICE DE MASSA CORPORAL E APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA COM O RISCO CARDIOMETABÓLICO DE ESCOLARES? ESTUDO TRANSVERSAL DE BASE POPULACIONAL

Irene Souza, Ana Paula Sehn, Cézane Priscila Reuter

Resumo


INTRODUÇÃO: A obesidade é um dos distúrbios nutricionais com maior prevalência entre crianças e adolescentes. Apesar de sua etiologia multifatorial, o aumento na ingestão de alimentos ultraprocessados e a diminuição na prática de atividade física estão no cerne de sua ocorrência. Nesse contexto, destaca-se um fator fortemente associado que são os níveis de aptidão física, especialmente a aptidão cardiorrespiratória (APCR), sendo evidenciada a relação inversa com o índice de massa corporal (IMC), indicando que maiores níveis de adiposidade corporal estão associados a menores níveis de APCR. Considerando o exposto, a avaliação cardiometabólica de crianças e adolescentes é essencial para identificar quais indivíduos possuem maior risco cardiometabólico visando intervir de forma preventiva para minimizar consequências negativas na vida adulta. OBJETIVOS: Verificar as associações entre a combinação do IMC e da APCR com a presença de risco cardiometabólico de crianças e adolescentes. MÉTODOS: Estudo transversal com 1798 crianças e adolescentes de sete  a 17 anos (53,9% meninas), realizado em escolas de zona urbana e rural do município de Santa Cruz do Sul, RS. Este estudo faz parte da primeira etapa da pesquisa denominada "Avaliação de parâmetros biológicos, de aptidão física, estilo de vida e fatores de risco às doenças cardiovasculares em adolescentes e jovens adultos: estudo de acompanhamento de 8 anos”, aprovada pelo Comitê local sob número 3.267.814. O IMC foi obtido considerando peso e estatura dos indivíduos, utilizando balança antropométrica com estadiômetro acoplado. Para avaliação da APCR foi realizado o teste de corrida e caminhada de 9 minutos, seguindo os protocolos do Projeto Esporte Brasil. A combinação entre IMC e APCR considerou as seguintes categorias: peso normal/APCR desejável; peso normal/APCR de risco; excesso de peso/APCR desejável; excesso de peso/APCR de risco, sendo a última considerada como categoria de risco. Foram consideradas as seguintes variáveis bioquímicas: colesterol total, colesterol high-density lipoprotein (HDL-C), triglicerídeos e glicemia em jejum, sendo avaliadas por meio de coleta de sangue com jejum prévio de 12 horas. A pressão arterial sistólica foi aferida por meio do método auscultatório. O risco cardiometabólico foi avaliado por meio de escore-z, incluindo o somatório das variáveis bioquímicas e pressóricas. Para verificar as associações entre variável independente (combinação entre IMC e APCR), utilizou-se a análise de regressão logística multinomial. Considerou-se um nível de significância de p<0,05. RESULTADOS: Observa-se que 29,1% dos avaliados estavam com sobrepeso/obesidade, 52,8% apresentaram indicador de risco para APCR, 19,1% encontraram-se na categoria de risco e 12,1% estavam com alto risco cardiometabólico. Constatou-se que crianças e adolescentes com excesso de peso/APCR desejável e excesso de peso/APCR de risco apresentaram 1,58 e 2,28 mais chances de serem limítrofes, respectivamente e 3,17 e 6,25 mais chances de apresentarem alto risco cardiometabólico em comparação aos indivíduos com peso normal/APCR desejável e baixo risco cardiometabólico. CONCLUSÃO: A combinação do IMC e APCR está associada com a presença de risco cardiometabólico de crianças e adolescentes, inclusive nos casos limítrofes, indicando que crianças e adolescentes com excesso de peso, independentemente dos níveis de APCR, possuem mais chances de apresentarem presença de risco cardiometabólico.

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ISSN 2764-2135