FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES, ESTILO DE VIDA E CONDIÇÕES SOCIODEMOGRÁFICAS EM TRABALHADORES RURAIS: QUAL A RELAÇÃO COM ESTADO NUTRICIONAL?
Resumo
A obesidade é um problema crescente na população mundial, impactando na saúde pública de diversos países. Essa morbidade influencia no desenvolvimento de hipertensão arterial, dislipidemias e diabetes, considerados fatores de risco para doenças cardiovasculares (DCV). Populações rurais frequentemente apresentam baixa escolaridade, baixa renda e menor acesso aos serviços de saúde, podendo estar mais vulneráveis ao adoecimento. O objetivo dessa pesquisa foi identificar a associação entre estado nutricional e estilo de vida, fatores de risco para DCV e condições sociodemográficas. Trata-se de um estudo transversal analítico e descritivo, relacionado ao projeto de pesquisa abrangendo trabalhadores rurais da microrregião sul do Conselho Regional de Desenvolvimento do Vale do Rio Pardo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Santa Cruz do Sul. A coleta ocorreu no ano de 2018. Os dados sociodemográficos e de estilo de vida foram obtidos mediante questionário. Foram coletados massa corporal e estatura para o cálculo do índice de massa corporal (IMC), classificando o estado nutricional. Como fatores de risco para DCV considerou-se os níveis de pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD), glicemia, colesterol total e triglicerídeos, coletados em jejum e classificados segundo diretrizes brasileiras. Para análise, os trabalhadores foram alocados em 3 grupos conforme o IMC: normal (G1), sobrepeso (G2) e obesidade (G3). Os dados foram analisados no software IBM SPSS® (versão 23). Utilizou-se o teste de Shapiro-Wilk para verificar a normalidade dos dados. Para a comparação de variáveis numéricas foi utilizado o Teste ANOVA e categóricas o teste Qui-Quadrado, considerando p<0,05. A amostra contou com 106 trabalhadores rurais, sendo 27% alocados no G1, 46% no G2 e 27% no G3. Ao relacionar variáveis sociodemográficas com o IMC, observou-se associação com o sexo (p=0,011), sendo que a maioria das mulheres foram classificadas no G2 (50%) e G3 (35%), enquanto que os homens, apesar de a maior parte também pertencer ao G2 (44%), a minoria estava no G3 (17%). A classe socioeconômica, escolaridade e idade não apresentaram associação com o estado nutricional (p>0,050). Contudo, foi possível verificar que com o aumento da média de idade o IMC se eleva progressivamente. Quanto as variáveis de estilo de vida, a prática de atividade física e o tabagismo não demonstraram relação com o IMC (p>0,050), para ingesta de medicamentos há associação à medida que o maior percentual de trabalhadores rurais que ingeriam medicamentos eram do G2 (49%) e G3 (37%) (p=0,001). Analisando os fatores de risco para DCV a partir do IMC, há relação com os níveis de PAS (p=0,011) e PAD (p=0,014), sendo a maioria dos sujeitos hipertensos são do G2 e G3. Não foram observadas associações com os níveis de glicemia (p=0,584), colesterol total (p=0,090) e triglicerídeos (p=0,107). Todavia, há tendência dos trabalhadores com colesterol total e triglicerídeos elevados pertencerem aos grupos acima do peso. Dessa forma, conclui-se que o IMC apresenta relação com sexo, ingesta de medicamentos e níveis de pressão arterial. Embora as demais variáveis não estarem relacionadas, existe uma tendência dos trabalhadores rurais com estado nutricional inadequado apresentarem piores resultados. Portanto, é importante o investimento voltado para a promoção e educação em saúde, abordando questões referentes a manutenção de peso saudável com vistas à prevenção de DCV nessa população.
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ISSN 2764-2135