RELAÇÃO DA RQC COM VARIÁVEIS SOCIODEMOGRÁFICAS, ANTROPOMÉTRICAS, INDICADORES DE SAÚDE AUTORREFERIDAS E ESTILO DE VIDA EM TRABALHADORES RURAIS DO VALE DO RIO PARDO.
Resumo
Estudos mostram que trabalhadores rurais podem estar mais propensos a desenvolver problemas de saúde. A relação cintura-quadril (RCQ), além de ser utilizada como indicador de deposição de gordura abdominal, vem sendo associada a fatores de risco cardiometabólicos. Assim, o objetivo deste estudo foi relacionar a classificação de risco do RQC com indicadores sociodemográficos, antropométricos e questões de saúde e estilo de vida em trabalhadores rurais. Estudo transversal, descritivo e analítico, que faz parte de um projeto de pesquisa com trabalhadores, aprovado pelo CEP. A coleta foi realizada em 2018. Participaram 106 trabalhadores rurais da microrregião sul do COREDE/VRP. Os dados sociodemográficos, estilo de vida e indicadores de saúde autorreferidas foram obtidas por questionário. Para a avaliação antropométrica, foram coletados peso e estatura, para cálculo do IMC, bem como, a CC e CQ, para obtenção da RCQ, e classificados conforme descrito na literatura. Para análise de dados, os trabalhadores foram alocados em 3 grupos segundo a classificação de risco da RCQ: G1- baixo, G2- moderado, G3- alto/muito alto. Os dados foram analisados no SPSS (versão 23.0). Se utilizou o teste de Shapiro-Wilk para verificar a normalidade dos dados. Para a comparação de variáveis numéricas foi utilizado o Teste ANOVA e de variáveis qualitativas o teste Qui-Quadrado de Pearson, considerando significância p<0,05. Os trabalhadores foram agrupados: 21% no G1, 41% no G2 e 38% no G3. Quanto as variáveis sociodemográficas, se observou relação da RQC com o sexo (p=0,000), identificando que a maior porcentagem das mulheres (56%) foram alocadas no G3, em contrapartida a menor parte dos homens (19%) era deste grupo. As demais variáveis como idade, escolaridade e classe socioeconômica não apresentaram relevância estatística (p>0,050). Em relação às variáveis de estilo de vida, a prática de atividade física (p=0,789), ingestão de medicamentos (p=0,064), tabagismo (p=0,289) e etilismo (p=0,483), não estiveram associados ao RCQ. No entanto, houve uma tendência de a ingesta de medicamentos ser maior em indivíduos classificados com risco alto/muito alto, sendo que 46% dos trabalhadores que consumiam medicamentos pertenciam ao G3. Ao analisar as varáveis antropométricas e sua relação com a RQC, foi observado diferença para o IMC (p=0,000), em que 54% dos trabalhadores que estão na faixa recomendável de peso eram do G1; já 64% dos trabalhadores que estão na faixa de obesidade eram do G3. A associação do RQC com a CC também foi significativa (p=0,000). Observou-se que a maior porcentagem de sujeitos (82%) classificados com risco alto relacionado a CC eram do G3. No que tange aos indicadores de saúde autorreferidas, não foi observada relação com o diagnóstico de diabetes (p=0,124), colesterol alto (p=0,329) e hipertensão (p=0,088). Contudo, vale ressaltar que o maior percentual de trabalhadores diagnosticados com hipertensão (51%), colesterol (48%) e diabetes (80%) eram do G3. Conclui-se que a RQC apresenta relação com o sexo, bem como, com as variáveis antropométricas. Além disso, mesmo não apresentando significância estatística, verificou-se que o diagnóstico de colesterol, diabetes e hipertensão foi mais frequente no G3 em relação aos demais grupos, assim como, a ingestão de medicamentos, se notando uma possível tendência do G3 obteve resultados mais inadequados relacionados à saúde.
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ISSN 2764-2135