MANUTENÇÃO OU DESENVOLVIMENTO DE ELEVADO PERCENTUAL DE GORDURA CORPORAL EM UMA COORTE DE ESCOLARES ACOMPANHADOS POR DOIS ANOS: O RISCO CARDIOMETABÓLICO É O MESMO?

Luiza da Silva, João Francisco de Castro Silveira, Cézane Priscila Reuter, Jane Dagmar Pollo Renner

Resumo


Introdução: O excesso de peso na infância e adolescência pode trazer grandes riscos para a vida adulta, pois o acúmulo de gordura corporal é um dos principais desencadeadores de doenças cardiometabólicas. Objetivo: Verificar se crianças e adolescentes que possuem alto percentual de gordura (%G) no baseline terão um maior risco cardiometabólico do que crianças e adolescentes que desenvolvem um alto percentual de gordura em um período longitudinal de, aproximadamente, dois anos. Método: Estudo observacional longitudinal com 599 crianças e adolescentes de ambos os sexos avaliados em dois momentos: 2014/15 e 2016/17. Em ambos os momentos, o percentual de gordura foi estimado utilizando equações de predição que levaram em consideração o sexo, o nível maturacional e a cor da pele autorreferida dos participantes. Ainda, opercentual de gordura foi classificado em baixo ou alto de acordo com os seguintes pontos de corte: percentual de gordura masculino = 25% e percentual de gordura feminino = 32% = Alto. Posteriormente, uma única variável categórica foi construída para reportar a manutenção ou mudança da classificação do percentual de gordura de 2014/15 a 2016/17. Nesta variável, quatro categorias foram derivadas: ‘Baixo ? Baixo’, ‘Baixo ? Alto’; ‘Alto ? Baixo’ e ‘Alto ? Alto’. Além disso, foram avaliados o nível socioeconômico, a pressão arterial sistólica (PAS) e os níveis de glicose, triglicerídeos (TG), colesterol total (CT) e colesterol HDL por meio de coleta sanguínea. Escores Z foram calculados para os fatores de risco cardiometabólicos (PAS, glicose, TG e razão entre CT e colesterol HDL) de acordo com valores de referência internacionais levando em consideração o sexo e a idade dos participantes para, posteriormente, serem utilizadas no cálculo de um escore contínuo de risco cardiometabólico. O Statistical Package for the Social Sciences (SPSS, IBM, v. 23) foi utilizado para as análises estatísticas. Uma análise de covariância (ANCOVA) ajustada para os níveis de risco cardiometabólico e nível socioeconômico de 2014/15 e conduzida com o procedimento de Bootstrapping com 1000 reamostragens e método corrigido e acelerado por viés (BCa) foi utilizada para verificar diferenças no risco cardiometabólico de 2016/17 de acordo com a manutenção ou mudanças da classificação do percentual de gordura. Valores de p=0,05 foram considerados estatisticamente significativos. Resultados: A ANCOVA ajustada para o risco cardiometabólico de 2014/15 demonstrou que a variável classificação de gordura associou-se significativamente ao risco cardiometabólico de 2016/17 (F [3, 593]=17,159; p<0,001; ?2parcial=0,080). Os testes de comparação a posteriori de Bonferroni demonstraram que os grupos ‘Baixo ? Baixo’ e ‘Baixo ? Alto’ diferiram nos níveis de risco cardiometabólico (?Média=0,3159; p=0,001), assim como os grupos ‘Baixo ? Baixo’ e ‘Alto ? Alto’ (?Média=0,4485; p=0,001) e ‘Alto ? Baixo’ e ‘Alto ? Alto’ (?Média=0,2975; p=0,036). Conclusão: Possuir maior percentual de gordura está associado com maior risco cardiometabólico. Todavia, não há diferenças entre aqueles participantes que já tinham um alto %G em 2014/15 e mantiveram esse alto %G em 2016/17 em relação àqueles que tinham um baixo %G em 2014/15 e mudaram para um alto %G em 2016/17; ambas as categorias demonstraram os maiores níveis de risco à saúde cardiometabólica, enquanto que aqueles que estavam com baixo %G em 2016/17 possuíam menor risco, independentemente da classificação de %G em 2014/15.

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ISSN 2764-2135