COMPARAR OS EFEITOS ADVERSOS E NÍVEL DE SATISFAÇÃO DO USO DA MÁSCARA DE MERGULHO ADAPTADA E DA MÁSCARA OROFACIAL CONVENCIONAL PARA VENTILAÇÃO NÃO-INVASIVA AVALIADO PELO PATIENTS' GLOBAL IMPRESSION OF CHANGE (PGIC) EM PACIENTES COM COVID-19

Jéssica Luiza Pedroso da Silva, Bruna Eduarda Diehl, Ana Carolina Severo, Tiago da Rosa Rambo, Sônia Elvira dos Santos Marinho, Eduarda Chaves Silveira, Fabiana Rafaela Santos de Mello, Nicolas de Almeida Ziemann, Patrícia Érika de Melo Marinho, Dulciane Nunes Paiva

Resumo


Introdução: Os casos graves da Covid-19 ocasionaram insuficiência respiratória aguda e hipoxemia e, a ventilação não-invasiva (VNI) se tornou um recurso importante para evitar a intubação orotraqueal e a desoxigenação. Devido a sua elevada aerossolização, fez-se necessária a criação de interfaces que evitassem maior escape aéreo do vírus SARS-Cov-2, como a máscara de mergulho adaptada (máscara Owner). Objetivo: Comparar os efeitos adversos e o nível de satisfação de pacientes com Covid-19 submetidos à VNI com máscara Owner e com máscara orofacial convencional. Métodos: Trata-se de análise dos dados de ensaio clínico randomizado que alocou a amostra no Grupo Owner e no Grupo Orofacial e os analisou quanto a sociodemografia e antropometria. Os efeitos adversos do uso das máscaras foram avaliados por meio de questionário específico, abrangendo a percepção de dor na testa, no nariz, bochechas e queixo, além de vazamento nos olhos, boca, queixo, na cavidade oral e nasal, pressão na face, irritação cutânea e claustrofobia. A satisfação do seu uso, foi avaliada por meio da escala Patients' Global Impression of Change (PGIC), que classifica a percepção de melhora nos itens: 1= Sem alterações, 2= Quase na mesma, sem qualquer alteração visível, 3= Ligeiramente melhor, mas, sem mudanças consideráveis, 4= Com algumas melhorias, mas a mudança não representou qualquer diferença real, 5= Moderadamente melhor, com mudança ligeira mas significativa, 6= Melhor, e com melhorias que fizeram uma diferença real e útil, 7= Muito melhor, e com uma melhoria considerável que fez toda a diferença. Todos os desfechos foram avaliados antes da alta da UTI. A VNI foi instituída em modo BiPAP (10 cmH2O) com delta (IPAP-EPAP) de 4 cmH2O para manter a SpO2=93%, FiO2=50% e FR< 24 irpm. O teste não-paramétrico U de Mann-Whitney foi utilizado para verificar se os postos médios das respostas em escala Likert diferiram entre os grupos analisados. Dados expressos pela média dos postos de cada grupo (p<0,05). Medidas de tamanho de efeito (r) foram calculadas para cada comparação e, os valores de r classificados em: r=0,10=Diferença pequena; r=0,30=Diferença média; e r=0,50=Diferença grande. Resultados: Amostra composta por 106 indivíduos (Grupo Owner: n= 60; idade de 57,55 ± 14,90 anos e IMC= 25,92 ± 6,06 Kg/m2 e Grupo Orofacial: n= 46; idade de 55,33 ± 13,82 anos e IMC= 27,16 ± 6,46 Kg/m2). Foi evidenciado que as médias dos postos foram menores no Grupo Owner em relação ao Grupo Orofacial para as variáveis: dor testa (p<0,001); dor nariz (p<0,001); dor bochechas (p<0,001); dor queixo (p<0,001); vazamento olhos (p=0,027); vazamento boca (p=0,001); ressecamento nasal (p=0,009); pressão (p<0,001); e irritação cutânea (p<0,001); indicando que a sensação de efeitos adversos foi menor no Grupo Owner. Tais diferenças foram classificadas como médias a grandes (0,35=r=0,52), a exceção da diferença das variáveis vazamento nos olhos e ressecamento nasal que apresentaram diferenças pequenas (0,22=r=0,27). Os postos médios da PGIC indicaram maior nível de satisfação no Grupo Owner (p= 0,020; diferença pequena [r=0,23]). Conclusão: Foi evidenciada menor ocorrência da percepção de efeitos adversos e maior nível de satisfação nos indivíduos submetidos à VNI com a máscara de mergulho adaptada e, tais resultados são promissores para prosseguir com o aperfeiçoamento dessa nova interface para suporte ventilatório.


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ISSN 2764-2135