EFEITOS DE DIFERENTES INTERFACES DE VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA SOBRE OS SINAIS VITAIS EM PACIENTES COM SUSPEITA OU CONFIRMAÇÃO DA COVID-19

Nicolas de Almeida Ziemann, Jéssica Luiza Pedroso da Silva, Bruna Eduarda Diehl, Ana Carolina Severo, Helena Rocha Machado, Vanessa Etges Schuster, Tiago da Rosa Rambo, Eduarda Chaves Silveira, Fabiana Rafaela Santos de Mello, Dulciane Nunes Paiva

Resumo


Introdução: A pandemia da Covid-19 resultou em elevado número de casos de indivíduos que desenvolveram sua forma grave, associada a desconforto respiratório (insuficiência respiratória aguda) e hipoxemia. Ao longo da pandemia, a ventilação não-invasiva (VNI) foi amplamente utilizada na prevenção da intubação orotraqueal, tendo sido necessária a implementação de diferentes tipos de interfaces que evitassem a dispersão do vírus SARS-Cov-2. Com tal intuito, o Grupo Mergulhadores do Bem, da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) adaptou uma máscara para utilização da VNI, denominada máscara Owner, que possui alto poder de vedação, entretanto, por se tratar de um novo dispositivo em saúde, a mesma vem sendo investigada. Objetivo: Comparar os sinais vitais em pacientes com Covid-19 submetidos à VNI com máscara Owner e com máscara orofacial convencional. Método: Trata-se de análise dos dados de ensaio clínico randomizado (CONEP 41316620.1.0000.5343) que alocou a amostra no Grupo Owner e no Grupo Orofacial e os analisou quanto a gravidade clínica (SAPS III), sociodemografia e antropometria. A SpO2 foi medida por meio de oximetria de pulso e a pressão arterial (PA) e a frequência cardíaca (FC) foram avaliadas por meio de monitores digitais. Foi considerada hipotensão quando PA sistólica (PAS) < 80 mmHg ou pressão arterial média < 60 mmHg nas 24 horas após a VNI. A frequência respiratória (FR) foi obtida a partir de sinal pletismográfico no monitor do ventilador mecânico, com medição feita 1 hora antes e depois da VNI. Análises de variância (ANOVAs) fatoriais de medidas repetidas com testes a posteriori de Bonferroni foram utilizadas para verificar diferenças entre os grupos nos e entre os momentos (p<0,05). Todos os modelos foram ajustados para sexo, idade, índice de massa corporal, SAPS III, etnia e se os participantes possuíam ou não alguma comorbidade. Resultados: Amostra composta por 105 indivíduos (Grupo Owner: n= 58; idade de 58,62±15,03 anos e IMC= 25,18±5,25 Kg/m2 e Grupo Orofacial: n= 47; idade de 57,60±13,55 anos e IMC= 25,87±4,82 Kg/m2). Os modelos construídos demonstraram efeitos de interação não significativos (p>0,05), indicando que não houve diferenças nas mudanças dos desfechos de acordo com a máscara utilizada, à exceção da PAS que demonstrou um efeito de interação significativo (p= 0,024; h2= 0,053). Para melhor decompor e provar essa interação, comparações a posteriori foram utilizadas e foi possível constatar maior nível de PAS no Grupo Owner em comparação ao Grupo Orofacial (?Média= 14,50; p= 0,018) no início da VNI, enquanto que após a VNI, os níveis de PAS não foram estatisticamente diferentes entre os grupos (p= 0,486). As comparações a posteriori demonstraram que os níveis de PAS reduziram significativamente no Grupo Owner (?Média= 18,33; p<0,001), enquanto que no Grupo Orofacial, o nível de PAS foi mantido (p= 0,132). Conclusão: Em pacientes com Covid-19, os sinais vitais apresentaram comportamento semelhante entre aqueles que utilizaram a máscara Owner ou orofacial, exceto pelo efeito sobre a PAS que foi menor naqueles que utilizaram a máscara Owner, devendo tal efeito ser ainda investigado no que tange a possível ação medicamentosa.


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ISSN 2764-2135