A FORÇA DE MEMBROS INFERIORES E SUPERIORES MODERA A ASSOCIAÇÃO ENTRE RAZÃO CINTURA-ESTATURA E PERFIL LIPÍDICO EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES? UM ESTUDO TRANSVERSAL DE BASE POPULACIONAL

Náthalie da Costa, Ana Paula Sehn, Jane Dagmar Pollo Renner, Cézane Priscila Reuter

Resumo


A adiposidade e aptidão física são fatores que influenciam no perfil cardiometabólico infantojuvenil. Porém, ainda são escassas as pesquisas relacionando o perfil lipídico e as variáveis específicas de aptidão física separadamente nesta população, como a força muscular. O objetivo deste estudo foi verificar o papel moderador da força de membros superiores (FMS) e força de membros inferiores (FMI) na associação  entre razão cintura-estatura (RCE) e perfil lipídico de crianças e adolescentes. Trata-se de um estudo transversal, com 1247 escolares (média de idade de 12 anos), de ambos os sexos, de escolas públicas (municipais e estaduais) e privadas, da zona urbana e rural do município de Santa Cruz do Sul/RS e que foram avaliados em 2011/2012. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEP/UNISC). Para avaliação da RCE foi realizada a avaliação da estatura, utilizando uma balança antropométrica (Filizola®) com estadiômetro acoplado e da circunferência da cintura (CC) com uma fita métrica colocada em horizontal no ponto médio entre a última costela e o início da crista ilíaca. Após, foi calculada a RCE aplicando a seguinte fórmula: RCE = CC/estatura. A FMS e FMI foram avaliadas  pela bateria de testes do Projeto Esporte Brasil - PROESP-BR. A coleta de sangue foi realizada no bloco 42, da Universidade de Santa Cruz do Sul, assim considerando o LDL-c, HDL-c, triglicerídeos e colesterol total. Para testar a moderação foram utilizados modelos de regressão linear múltipla por meio de uma extensão do Statistical Package for Social Sciences (SPSS) denominada macro PROCESS. Para melhor entendimento do papel das variáveis moderadoras foi empregada a técnica de Johnson-Neyman para determinar pontos de corte para cada moderador nos níveis baixos, médios e altos (percentis 16, 50 e 84, respectivamente). Todos os modelos foram ajustados para sexo e idade. Considerou-se como nível de significância o intervalo de confiança (IC) de p<0,05. A amostra é composta na sua maioria de meninas (54,7%), no início da adolescência, com média de idade de 12 anos (DP 3,03 anos). Quanto à FMS e FMI, foram observados valores médios de  de 1,35 e 2,90 metros, respectivamente.  Constatou-se um coeficiente de interação significativo direto entre RCE e FMI com LDL-c (B: 1,906; IC: 0,650; 3,162), triglicerídeos (B: 1,073; IC: 0,026; 2,120) e colesterol total (B: 1,720; IC: 0,458; 2,981),  enquanto que RCE e FMS somente se relacionaram com LDL-c (B: 0,597; IC: 0,237; 0,957) e triglicerídeos (B:0,547; IC: 0,248; 0,846). Essas associações indicaram que FMI e FMS moderam a relação entre RCE e perfil lipídico. Verificou-se uma relação direta entre RCE e LDL-c a partir de 1,051 m e 2,21 m no teste de FMI e FMS, respectivamente. Para RCE e triglicerídeos, a relação direta ocorreu a partir de 0,698 m para FMMII e 1,49 m para FMMSS, enquanto que a partir de 0,968 m de FMI, uma relação direta entre RCE e colesterol total foi observada. Concluiu-se que FMS e FMI moderam a relação entre RCE e perfil lipídico de crianças e adolescentes, indicando que mesmo apresentando altos níveis de FMI e FMS é necessário apresentar baixa RCE para melhorar o perfil lipídico. Enfatizando, portanto, a importância de programas de saúde pública com estimulação mútua de atividades físicas lúdicas que busque a força muscular e diminuição da adiposidade corporal, visando melhorar  marcadores inflamatórios para evitar o aumento de doenças crônicas não transmissíveis.


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ISSN 2764-2135